Foi um enorme prazer ter passado uma boa parte do meu dia de ontem no magnífico Salão Árabe do Palácio da Bolsa. Quer pelas razões óbvias que decorrem da beleza do espaço e da memória histórica a ele associada, assim como de alguns encontros fortuitos, quer também pela qualidade e significância dos eventos que ali se realizaram.
De manhã, a tomada de posse da Associação de Turismo do Porto e Norte, finalmente consagrando uma “fusão” que tanto se impunha e tanto tardou – o resultado tem o dedo e o suor do Luís Pedro Martins (claro que sim, meu caro, a sorte dá mesmo muito trabalho!), a bênção pessoal que foi encontrada para dar uma nova vida à TPNP depois do caso Melchior Moreira; outros, e certamente bastantes, foram igualmente importantes para que o necessário e urgente acontecesse mas parecem indiscutíveis os nomes do vereador do Município do Porto Ricardo Valente (sempre apoiado numa leitura corretamente assumida e estimulada pelo presidente Rui Moreira) e do presidente da Associação Comercial do Porto Nuno Botelho, aliás ambos tornados vice-presidentes da nova entidade; a secretária de Estado do Turismo Rita Marques terá sido igualmente uma peça decisiva do processo. Parabéns a todos e os melhores e mais sinceros votos de felicidades, sobretudo nesta fase difícil que o setor atravessa e perante a dureza dos desafios que lhe estão pela frente.
Ao meio da tarde, uma conferência a marcar o regresso da SEDES ao Porto, sob louvável iniciativa da sua nova direção encabeçada por Álvaro Beleza. Chamaram-lhe imaginativamente “Levar Portugal a bom Porto” e convidaram para speaker o agora famoso Professor António Costa Silva (ACS), que já abundantemente li e ouvi em diversas ocasiões e sob diversas formas mas que constituiu para mim uma première ao vivo. Falou longa e detalhadamente, como era imperioso, da sua “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal” e ainda foi a tempo de ser objeto de algumas interrogações por parte de uma audiência significativa e especialmente distinta. Que se me apraz, perguntarão alguns dos que vão tendo a paciência de ir passando por este espaço de reflexão? Pois, e de um modo tão objetivo quanto sou capaz, sempre direi que confirmei o lado espantosamente enciclopédico de ACS, senhor de uma cabeça privilegiada e de conhecimentos vastíssimos e muito alargados sobre as grandes questões de toda a espécie de ordem temática que marcaram o passado, que marcam o presente e que marcarão o futuro das sociedades humanas e, portanto também, de Portugal (de onde vimos, onde estamos e para onde podemos ir). Confirmei ainda que ACS escolheu corresponder ao convite/desafio do primeiro-ministro através de um posicionamento visando desenvolver esforços num sentido abrangente e maximalista, i.e., procurando “ir a todas” as que estivessem ao seu alcance e de algum modo pudessem ter a ver com caminhos possíveis – uma opção legítima, e até inteligente, na circunstância, assim como um contributo socialmente útil em qualquer caso. Confirmei, por fim, que uma coisa é uma coisa (a visão estratégica de ACS) e outra coisa é outra coisa (o “Plano de Recuperação e Resiliência” que o Governo está a preparar), não sem que os dois conjuntos se toquem (embora suspeite que, por vezes, de modos potencialmente pervertidos). Ainda espero voltar a estes assuntos por estes meses e anos fora, mas por aqui me quedo por ora, não sem referenciar os três importantes apontamentos críticos (ou ditos lacunares) deixados por António Tavares (e o sistema político?), por Alexandre Patrício Gouveia (megaprojetos discutíveis, do TGV ao hidrogénio, versus estímulo empresarial puro e duro) e por José Manuel Mendonça (implementação, cadernos de encargos, burocracia e as mesmas e “contaminadas” pessoas responsáveis que nos trouxeram até aqui na gestão dos fundos estruturais europeus). É “absolutamente vital” que encaremos tudo isto com a seriedade e o rigor que a extrema gravidade do momento e a dimensão da oportunidade nos exigem!
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