A política para o lado dos nossos irmãos brasileiros e vizinhos espanhóis não tem descanso, sucedendo-se os acontecimentos de modo imparável e largamente inesperado. Daí que recorrentemente tenhamos de lhes fazer uma breve referência atualizadora para que não nos percamos na vertigem que vai marcando a vida pública daquelas sociedades amigas.
Do Brasil, e abstraindo das perigosas tolices de Bolsonaro (em matérias de saúde pública e de normalidade democrática), tivemos o bombástico anúncio da anulação do julgamento de Lula e o consequente ensaio de regresso deste ao primeiro plano da cena política; o impacto imediato traduziu-se na perceção inquestionável de um país completamente dividido ao meio entre dois “populismos”, com Lula a surgir como o candidato mais provavelmente capaz de destronar o atual presidente (as duas sondagens acima apresentadas mostram, a esse propósito, resultados diferentes). Mas nada nos garante que dali não venham mais surpresas, designadamente umas que possam vir a determinar um novo afastamento de Lula da disputa em causa ou aparecimentos surpreendentes como foi o caso de Bolsonaro (desejavelmente mais ao centro, digo eu, sendo que Moro parece felizmente perdido). Ainda falta um ano e meio para que esta tenha lugar, pelo que muita água ainda correrá debaixo das pontes (ou falta delas).
De Espanha, e sendo apenas muito breve e focado (até porque esta é matéria que melhor cabe na especialização de interesses que favorece o meu colega de blogue), escolho o levantamento da imunidade de Carles Puigdemont pelo Parlamento Europeu e o potencial de acrescida conflitualidade que dele resultará numa Catalunha que persiste em se afirmar fortemente nacionalista (para não dizer independentista). Mas há outras potenciais interferências marcantes na estabilidade democrática do Reino de Filipe, designadamente duas recentíssimas: os golpes e contragolpes que têm ocorrido tendo a Região de Murcia, a liderança de Inés Arrimadas de um dividido e aturido “Ciudadanos” e a convocação de eleições antecipadas em Madrid por principais elementos de protagonismo; a decisão de Pablo Iglesias de abandonar a vice-presidência de um governo em que nunca se sentiu integrado, aparentemente com vista a disputar a Isabel Díaz Ayuso (PP) a Comunidade de Madrid mas mais substantivamente visando evitar a desgraça pessoal que se lhe vaticinava no xadrez político nacional. E assim ressaltam três mulheres na berlinda imediata e/ou no olho do furacão: Isabel, Yolanda e Inés.
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