quarta-feira, 17 de março de 2021

UMA SÉTIMA PONTE NO PORTO


Aconteceu ontem no Porto a cerimónia de lançamento do concurso público de ideias que irá materializar a primeira grande obra da chamada “bazuca”, nada menos do que uma nova ponte sobre o Douro. O lead do evento não terá sido o mais feliz (“Novas linhas, nova ponte”), mas o certo é que vêm aí as empreitadas de construção de uma Linha Rosa no Porto e de prolongamento da Linha Amarela de Santo Ovídio até Vila d' Este (já com visto do Tribunal de Contas em relação aos contratos assinados entre a Metro do Porto e o consórcio Ferrovial/ACA, por um valor global de 288 milhões de euros e para um investimento global que, incluindo expropriações, projetos, fiscalização, equipamento e sistemas de apoio à exploração, ronda os 407 milhões de euros).


Não querendo aqui questionar o fundamento/necessidade desta obra e o seu óbvio contributo para a melhoria da mobilidade nas duas cidades, nem mesmo as escolhas em concreto (bem mais discutíveis), sempre deixarei uma forte preocupação “tripeira” quanto à ponte e ao resultado da sua integração “entre duas fragas no Porto e em Gaia, a 500 metros a nascente da obra maior de Edgar Cardoso, que é a Ponte da Arrábida, e a poente da Ponte Luís I, que é uma ponte da Escola de Eiffel”, naquela paisagem belíssima e verdadeiramente única (benefício da dúvida, pois, aos artistas e ao júri, onde a presença de Eduardo Souto de Moura como representante da Câmara Municipal do Porto é um claro elemento de garantia).

Quem estava visivelmente como um cuco era o ministro do Ambiente que, entre larachas (como a de ter conseguido o melhor dos lugares a seguir ao do projetista) e quase poesia (como aquela de “um sonho que nunca tive”), terá brilhado a grande altura e ganho uma presença na história de um possível novo “ícone da cidade” – exemplifico: “PRR quer dizer Plano de Recuperação e Resiliência mas também pode querer dizer pressa. Pressa de fazer, pressa de investir, pressa de apoiar a economia para depressa ultrapassarmos esta crise provocada pela pandemia.” Ou, ainda: “Há coisas que se fazem com o sentido da pressa mas que não se podem fazer depressa. E estas são aquelas que urge começar mais cedo.” António Costa também não faltou à chamada de mais uma oportunidade a Norte, assim como os dois autarcas vizinhos (com um Eduardo Vítor Rodrigues mais entusiasmado do que Rui Moreira, sabe-se bem porquê), entre outros (Gondomar incluído, pois claro); mas o que não me pareceu foi que estivesse por ali o ministro das Infraestruturas...

Finalmente, e a concluir: acho que, se ainda soubesse rezar, o faria no sentido de que tudo corra pelo melhor para o lado dos que gostam seriamente do Porto e, já agora também, de que tudo isto e o que está “pensado” na cabeça de certos iluminados venha a ter cozimento lógico.

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