sexta-feira, 12 de março de 2021

POSFÁCIO

 


(Como complemento singelo do meu post anterior, não resisto a citar um excerto de um artigo de Gonzalo Bareño, centrado na instabilidade meteórica do CIUDADANOS em Espanha. Trata-se de uma espécie de metáfora sobre os tempos de aceleração vertiginosa da política com suporte eleitoral.

Só para contextualizar esta referência, não esqueçamos que o CIUDADANOS nasceu na Catalunha, como uma formação política focada na defesa da língua espanhola na Região e na rejeição da associação entre o catalanismo e a defesa da independência.

Como antecâmara dessa formação política, há quem refira a emergência no período de 2004-2005 do Manifesto para um novo partido político não nacionalista, em que pontificaram intelectuais de elevado calibre como Arcadi Espada, Albert Boadella, Félix Ovejero, Félix de Azúa, Iván Tubau e Francesc Carreras, este último um constitucionalista espanhol de grande nível e que muito aprecio. O objetivo central desse manifesto era o de combater a não representação política do catalanismo cultural não independentista. Esse manifesto deu depois origem à Associação Ciutadans de Catalunya/Ciudadanos de Cataluña, que precedeu a constituição do partido político em 2006.

Deixo-vos agora com o excerto de Gonzalo Bareño (link aqui), para ler de um fôlego e ficar sem ele:

“Se o leitor foi votante fiel do Ciudadanos nos últimos anos, assistiu a coisas incríveis. Atacar naves em chamas para lá de Orión. Raios C brilhando na obscuridade próximo da porta de Tannhäuser. E todos esses momentos se perderam no tempo como lágrimas na chuva. O liberal Rivera em compadrio com o comunista Pablo Iglesias e demonizando ambos a casta. Rivera assinando solenemente um pacto de Governo com Pedro Sánchez e abominando Rajoy. Rivera convertendo Sánchez em diabo e pactando com Rajoy. Rivera abrindo caminho á queda de Rajoy, mas negando-se a ser Vice-Presidente com Sánchez, embora o tivesse na mão. Arrimadas ganhando as eleições na Catalunha mas fugindo imediatamente da Catalunha.. Arrimadas pactando com Sánchez, mas governando graças ao VOX com o PP na Andaluzia, Múrcia e Madrid. E, por fim, Arrimadas, a apresentar uma moção de censura em Múrcia e suicidando-se em Madrid, onde perde a Vice-Presidência e fica à mercê do PSOE e de um partido irrelevante como Más País, com o risco de ficar fora do Parlamento autonómico. Alguém dá mais?”

Ufa!. A política cansa.

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