Em parte compreensivelmente, dado o desgaste do período pandémico, a realidade é que atravessamos um período de forte refluxo qualitativo em termos de política nacional. Os protagonistas mais relevantes, até por serem os mais influentes (pelo menos por enquanto...), estão cansados e não param de insistir em distrações infantis ou erros primários (às vezes os “ajudantes” também não ajudam). Dir-se-á que se trata de minudências que não contam para o campeonato dos pontos, mas nem sempre será assim (além de que são quase sempre pequenas coisas a anunciarem as grandes).
Do lado governativo, o expoente máximo a que assisti por estes dias foi a pueril audiência parlamentar de ontem do ministro de Estado e das Finanças (na companhia do seu Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e do ministro do Ambiente) a propósito do caso EDP/barragens. Claro que os jornais de hoje se limitaram, e bem, ao fundamental, sobretudo ao que proveio da argumentação (discutível, mas isso não vem agora ao caso) de Matos Fernandes, assim desvalorizando e não dando a conhecer ao cidadão o grau zero da política ilustrado por repetidas e moralistas incursões de mestre-escola quanto às essências da convivência democrática em que se movimentou João Leão de cada vez que foi chamado a pronunciar-se. Simplesmente irritante e confrangedor! A situação anterior que foi de lamentar teve a ver com a proposta de Eduardo Cabrita quanto às eleições autárquicas (da sua estrita lavra? E por alma de quem?) e a consequente reprimenda amiga que lhe endereçou o primeiro-ministro (“sem sentido”, ponto final parágrafo). Dois detalhes que não deixam de alimentar uma imagem que episódios anteriores, e não muito longínquos, já tinham rebaixado a níveis nada simpáticos aos olhos de uma opinião pública que só o fará evidenciar em toda a linha quando cada cidadão estiver uns segundos centrado sobre o boletim de voto em que é suposto por a cruzinha. E as verdadeiras “batatas quentes” estão ademais a acumular-se (moratórias, TAP, bazuca, Novo Banco, SEF, etc. etc. etc.). Não obstante, a hipótese de arrepiar caminho não parece estar na ordem de trabalhos...
Do lado da principal oposição, tivemos ontem também mais uma manifestação da arrogância pessoal e democrática de Rui Rio na apresentação do Feliz candidato ao Porto que escolheu para perder por poucos (como é possível arriscar de cara levantada um exercício destes!). Já a escolha de António Oliveira (boa ou má, veremos) não será suscetível das críticas de incoerência anti futebolística que de imediato saltaram (de facto, o dito candidato nada tem hoje a ver em termos de responsabilidades efetivas no desporto-rei, e ainda que tivesse...). Por fim, ainda estamos para ver se as palavras elogiosas e sedutoras com que Isaltino se vem dirigindo a Rio irão ter o devido prémio num regresso à presidência de Oeiras sob o símbolo laranja.
Sem comentários:
Enviar um comentário