A troca de galhardetes entre o ministro do Ambiente e o líder parlamentar do PSD roçou esta semana o mau gosto. Tudo a propósito da montagem do negócio de venda das barragens da EDP a franceses e dos impostos por ele devidos (ou não, num processo supostamente legal de planeamento fiscal agressivo que o Bloco denunciou detalhadamente em primeira mão). Enquanto Matos Fernandes tem vindo a declarar que a decisão depende da Autoridade Tributária e não do Governo e que o PSD está a mentir aos transmontanos, Adão Silva contrapõe que “respeitamos, evidentemente a EDP, mas a EDP embolsou largos milhões, centenas e centenas de milhões, e, portanto, o que se espera, o que os portugueses esperam, é que esta grande empresa pague os impostos que são devidos e o senhor ministro deixe de dizer disparates e não se arme aqui em protetor fiscal da EDP”; acrescentando ainda: “este negócio vale 2,2 mil milhões de euros e o senhor ministro diz ‘isto não paga impostos’. Então não paga impostos? Verdade? Então não paga IRC, não paga IMT, não paga emolumentos, não paga imposto de selo?”. O assunto é sério, tanto mais quanto tem a potencial virtualidade de se repercutir de modo direto sobre condições financeiras determinantes para o bem-estar de cidadãos de um Interior tão proclamado quanto esquecido e carente de fontes alternativas de geração de riqueza (no caso, os municípios de Alijó, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Murça, Torre de Moncorvo e Vila Flor, por via de um fundo orçamentalmente aprovado a constituir por receitas fiscais e outras provenientes do trespasse da concessão de barragens e de novas concessões), e deveria por isso merecer maiores preocupações explicativas e uma completa clareza por parte das autoridades nacionais na respetiva abordagem pública.
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