terça-feira, 24 de agosto de 2021

AUTÁRQUICAS 2

Impulsionado pelo meu colega do lado, atiro-me também à questão das Autárquicas de 26 de setembro próximo. Opto por uma metodologia de abordagem diversa, deixando de lado as duas grandes cidades (Lisboa, onde uma aparentemente promissora candidatura de Carlos Moedas parece condenada pelas suas próprias escolhas programáticas e táticas, e Porto, onde Rui Moreira parece a caminho de ser um vencedor inequívoco contra um muito esforçado mas bastante imberbe Tiago Barbosa Ribeiro) e as grandes capitais de “distrito” (onde se destacam dois mais quatro casos de alguma dúvida: Coimbra, com Manuel Machado a merecer claramente perder pelas razões aduzidas pelo António Figueiredo mas a não ter um challenger brilhante; Évora, com o PCP a precisar desesperadamente de se manter ao comando; Portalegre, Setúbal, Castelo Branco e Viseu, com mudanças de cor a afigurarem-se mais possíveis, embora não especialmente prováveis), limitando-me ainda a apontar algumas situações nacionais de resultado mais duvidoso e potencialmente impactante (Almada, onde a “dinossauro” do PCP de Setúbal joga mais uma das principais cartadas de sobrevivência do seu partido contra a “ausente” Inês de Medeiros; Moura pela manifesta aposta do Chega de Ventura no concelho, que fervorosamente se espera que possa terminar falhada; Figueira da Foz, onde se verá se Pedro Santana Lopes já é mesmo “só fumaça” ou não; Amadora, onde o inconcebível populismo do PSD atingiu maior expressão na aposta em Suzana Garcia e deverá acabar merecidamente vencido; Funchal, onde o PS poderá perder após alguma acumulação de erros).

 

Foco-me mais dirigidamente a Norte, uma realidade regional que conheço de perto e bem, ao invés das restantes. Primeiro para sublinhar que tudo indica que muito pouco mudará, seja por razões decorrentes da conjuntura pandémica ou por razões associadas à atual fase que se vive nas dinâmicas locais. Em segundo lugar, para ainda assim arriscar a indicação de alguns confrontos onde os incumbentes, a despeito da sua melhor ou menos boa prestação, poderão estar em risco por razões de sociologia e tradição eleitoral acrescidas das tais localistas dimensões conjunturais (São João da Madeira e Paredes na AMP, Marco de Canaveses, Felgueiras e Paços de Ferreira no Tâmega e Sousa, Cabeceiras de Basto e Fafe no Ave, Barcelos no Cávado, Caminha no Alto Minho, Mesão Frio e Sabrosa no Douro, Montalegre no Alto Tâmega ou Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro e Mirandela em Terras de Trás-os-Montes, tudo feudos mais próximos do PSD e atualmente ocupados pelo PS). Em terceiro lugar para referenciar quanto alguns dos presidentes de cidades médias ficaram aquém do que lhes era exigível em dimensões supralocais (sem que tal vá conduzi-los aos “cartões vermelhos ou amarelos” que uma cidadania mais ativa imporia), sendo designadamente o caso dos autarcas da coroa do “Grande Porto” (ademais quase todos do PS, à exceção da Maia) em face dos candentes desafios de desenvolvimento metropolitano que evitaram enfrentar ou dos autarcas de cidades com responsabilidades liderantes nas respetivas zonas e que poderão não ter feito tudo quanto (Viana do Castelo, Braga, Guimarães, Vila Real e Bragança são disso ilustração). Em quarto lugar, para lamentar os abandonos (por opção ou determinação legal) de três “campeões” da gestão autárquica recente como foram Paulo Cunha (PSD) em Famalicão (já aqui homenageado em post anterior), Victor Mendes (CDS) em Ponte de Lima e José Eduardo Ferreira (PS) em Moimenta da Beira — será precisamente nestas paragens, como em mais algumas de caras novas obrigatórias, que poderão verificar-se as maiores surpresas decorrentes desses modificados contextos em termos de protagonistas pessoais. Por fim, para louvar algumas outras figuras do poder local que marcaram estes últimos quatro ou mais anos e que serão recandidatos do PS e do PSD (partidos que predominam na quase totalidade dos municípios) e de um movimento independente — sem pretender ser exaustivo, e portanto sem desvalorizar a prestação de mais alguns (em Melgaço, Santo Tirso, Sabrosa, Mogadouro ou Vila Flor, por um lado, ou em Arcos de Valdevez, Póvoa de Varzim, Trofa, Murça e Boticas, por outro), registo de seguida uma quinzena geograficamente diversificada de presidentes cuja qualidade e afirmação de valores me pareceu mais destacada: Vítor Paulo Pereira (Paredes de Coura), Joaquim Jorge (Oliveira de Azeméis), Armando Mourisco (Cinfães), Pedro Machado (Lousada), Paulo Pereira (Baião), Luís Machado (Santa Marta de Penaguião) e Nuno Vaz (Chaves), no lado rosa; António Barbosa (Monção), Benjamim Pereira (Esposende), Manuel Tibo (Terras de Bouro), José Luís Gaspar (Amarante), Carlos Silva Santiago (Sernancelhe), Nuno Gonçalves (Torre de Moncorvo) e Jorge Fidalgo (Vimioso), no lado laranja; Manuel Cordeiro (São João da Pesqueira), nos sem partido (a quem acrescento o independente Victor Hugo Salgado, regressado ao PS).


Fico na expectativa do que poderá suceder, sem prejuízo de me vir a parecer justificado um regresso ao assunto em moldes mais detalhados de análise ou cenarização. Quanto a impactos nacionais, dificilmente os haverá em moldes significativos, o que não significa que o anunciado oásis seja verdadeiramente a regra que nos carateriza.

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