Claro que o Futebol Clube do Porto não é o Futebol Clube Sérgio Conceição, como declarou o treinador portista no lançamento do jogo com o Marítimo. Era, aliás, o que faltava que alguém assim o admitisse (não obstante o simples aforar da ideia poder ser revelador de um ato falhado...), confundindo uma instituição com pergaminhos com um simples homem do futebol como aquele é. Não é, portanto, e ponto final nessa matéria. E, no entanto, às vezes até parece ser, lá isso parece. Porque se a presença de Conceição no FC Porto se tem caraterizado pelo melhor e pelo pior, espanta o modo como é idolatrado pelo presidente — que até já o comparou a José Maria Pedroto e lhe jurou fidelidade vitalícia — e como este e os seus ajudantes de administração se empenham ao máximo em satisfazer as vontades do homem e em esconder e disfarçar as suas manifestações de falta de desportivismo e mau perder (por demais recorrentes e frequentemente vergonhosas para quem gosta de um azul-e-branco raçudo mas educado). A última tinha estado no dedo acusador a Luís Gonçalves em Famalicão e na imediata contratação de Wendell ao Bayer Leverkusen nos dias seguintes (não se percebe porque foi tão rapidamente concretizada uma contratação que, segundo se dizia, aguardava por vendas; afinal, talvez pudesse ter sido feita antes...). Mas há pior na forma como Conceição quis mostrar a sua razão e incompreensivelmente dispensou Manafá e Zaidu do jogo dos Barreiros, chamando um Marcano lento e desadaptado à equipa (embora ele o tenha visto a fazer “um grande jogo”, podia lá ser de outra maneira!). E, confirmando a sua instabilidade em termos de competência de preparação de jogos e gestão de banco, Conceição conseguiu ainda cometer a imprudência de meter Corona em campo (um Corona sem ritmo, desligado, quase desinteressado e provavelmente na expectativa de sinais afirmativos de Sevilha ou Milão — Corona que demonstrou, a meu ver, não ser o profissional que julgávamos que era, aquele a cuja genialidade, apesar de feita de tropeções, ficamos a dever várias vitórias grandes). Acrescem as substituições, tardias e atabalhoadas naquela velha lógica de “tudo a monte e fé em Deus”: aos 71 minutos (!), tira Otávio e Taremi para introduzir Corona e Pepê, ficando com extremos para todos os gostos; aos 81 minutos, tira Marcano e Luis Díaz para introduzir Fábio Vieira e Evanilson; aos 87 minutos (!), tira João Mário para chamar o “rato” a quem encomenda todos os serviços impossíveis de concretizar em tão poucos minutos (elogie-se-lhe a entrega e os acrescentos que, ainda assim, dela derivam) que é o seu filho Francisco. Deixo deliberadamente de parte as questões do “batatal” (que agora se vai resolver, objetivamente em favor de adversários vindouros) e da arbitragem/VAR da dupla João Pinheiro/Rui Costa (habilidosa e talvez algo tendenciosa nas duas possíveis grandes penalidades não assinaladas nem sequer visualizadas)), além das dos desequilíbrios do plantel que parcialmente se esperam encaráveis até 31 do corrente ou talvez não (João Mário é promissor mas fecha mal, Bruno Costa é uma boa alternativa de banco, Otávio tem bons pormenores mas não é um verdadeiro patrão de meio-campo, os avançados são macios demais), para somente concluir pelo essencial: Conceição será o meu treinador enquanto for treinador do FC Porto, mas Conceição está longe de ser o homem certo no lugar certo!
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