domingo, 8 de agosto de 2021

O FIM DOS JOGOS E NÓS

(Henrique Monteiro, https://henricartoon.pt)

Terminam hoje os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde Portugal conseguiu a melhor participação de sempre ao lograr quatro medalhas (uma de ouro, uma de prata e duas de bronze, as primeiras em Atletismo e as últimas em Judo e Remo) e diversos diplomas. Sendo que uma avaliação objetiva nesta matéria careceria de um maior aprofundamento sob vários pontos de vista, não estando eu convencido de que assim tenha sido de facto segundo alguns tópicos essenciais (um dia, se e quando me sobrar algum tempo para investigar em torno de tal via não prioritária de avaliação, tentarei procurar esclarecê-lo).

 

Um outro plano que mereceu alguma polémica por cá foi o da “legitimidade” e “pureza” nacional das quatro medalhas obtidas, já que três das quatro provieram de cidadãos de origem direta ou indireta africana; embora o assunto não tenha cabimento substantivo neste nosso século XXI de crescentes interdependências globais e supostas maturidades civilizacionais e a sua abordagem tenha acabado por incluir elementos só adequadamente qualificáveis como miseráveis. Em contrapartida, relevaria isso sim que o País se organizasse por forma a estruturar uma estratégia inteligente de captação internacional de pessoas, constituindo aqui a componente desportiva apenas uma, e não a mais determinante, das lógicas de política pública desejavelmente implementáveis nessa direção e em proveito das necessidades efetivas da nossa economia e sociedade e dos seus setores e regiões (considerando ademais as negativas dinâmicas populacionais e de emprego que vêm sendo reveladas) — é também para isso que serve a transversalidade das modernas governações e, nesse quadro, a existência de responsáveis por coadjuvar o primeiro-ministro, pelas relações exteriores, por estrangeiros e fronteiras, pelo emprego e formação, pelo planeamento, por coesões e valorizações territoriais e pela modernização do Estado, entre outros. Mas isso já são contas de outro rosário, bem mais complexo, exigente e trabalhoso...

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