sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O IDIOTA DO BESSONE

 

(Um título do Record, link aqui, chama-me a atenção para a sagrada idiotice de um atleta que até foi de eleição no andebol do Sporting, embora esta referência me coloque imediatamente maldisposto e de pé atrás. Ainda por cima traz um nome de família a quem a natação portuguesa muito deve. Pois o idiota veio para a praça pública dizer o que, intuo, alguns portugueses fora do seu tempo e dos desafios que nos cercam, gostariam de expressar, clamando contra a naturalização de atletas estrangeiros e que por isso afinal ganhámos apenas uma medalha e não quatro).

Não faço ideia se o BB morre de amores pelo Ventura ou coisa pior. E também não faço ideia se os medalhados naturalizados fossem de raça mais clara se o purista nacionalista se atreveria a dizer o mesmo. Quando ganhou a sua medalha de bronze no triplo salto feminino e festejou efusivamente a vitória da saltadora venezuelana e o salto estrastosférico de Yulimar Rojas, Ana Peleteiro, a galega namorada de Nélson Évora declarou ao El Mundo algo de semelhante a isto: “Muita gente vai ficar f... por Espanha ter dois medalhados negros” e completou a sua corajosa afirmação com a ideia de que que a "mistura" de culturas "enriquece o país" (link no Record).

O purismo de Bessone pode ser assim entendido como um resquício bolorento de alguém que lida mal com a diversidade e que esperaria que os portugueses fossem apurando os seus traços fisionómicos e que na subida aos pódios a diversidade não se instalasse.

É de facto alguém que não entende o mundo em que estamos, dos países escandinavos às economias do sul e que, com o cenário de declínio demográfico que o INE confrontou nos últimos dias os portugueses, a diversidade por alimentação exógena das populações não só é fator de dinamismo, mas também de sobrevivência.

E talvez o andebolista do Sporting não se aperceba das externalidades positivas para o desporto que resultarão da subida ao pódio olímpico de atletas de eleição como Jorge Fonseca, Patrícia Mamona e Pedro Pichardo e da partilha do quase olímpico de Auriol Dongmo ou de Liliana Cá.

Já imaginou o BB o efeito de emulação e demonstração gerado por termos a competir em território nacional e com as nossas cores atletas desta envergadura? Seguramente que não, a peça é seguramente integrante daquele grupo de portugueses que acredita que os jovens não necessitam de símbolos presentes, mas apenas de símbolos passados como o BB e se possível de cor branca.

Santa estupidez.

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