quinta-feira, 26 de agosto de 2021

MAIORES E VACINADOS

 


(Graças à atenção do meu filho Hugo e à subtil ironia do Pedro Goulão no Twitter, @ppgoulao, componho o post de hoje com um misto de regozijo pela proeza do nosso desempenho europeu e mundial em matéria de vacinação e de total falta de paciência pelas incursões dos antivax. Já não há pachorra para tanto obscurantismo e estupidez, mas sou dos que tendo a interpretar estes movimentos à luz de outras agendas, claramente vocacionadas para denegrir a democracia.)

A estupidez cristalina dos antivax percebe-se de imediato quando estas alimárias resolveram afrontar o Vice-Almirante, homem habituado à pressão de estar num submarino debaixo do mar meses e meses.

Em contraponto ao baixo desempenho dos antivax há obviamente que registar o elevadíssimo nível de desempenho do nosso sistema de vacinação. Por muito importante que seja a liderança de Gouveia e Melo, que entrou em funções no momento certo, não podemos ignorar o elevado desempenho sistémico de todo o processo, o qual também não pode ser dissociado do êxito reconhecido do Plano Nacional de Vacinação. O Público dava conta há dias dos primeiros e decisivos passos dados ainda em tempos do antigo regime pelo médico e investigador Arnaldo Sampaio, pai do ex-Presidente Jorge Sampaio para montar as raízes do que a democracia haveria de levar a níveis de comparação internacional que nos devem orgulhar. E aqui se percebe ainda melhor a estupidez dos antivax, quando não são capazes de entender a grande recetividade da população portuguesa a todas as dimensões do Plano Nacional de Vacinação, das crianças aos mais velhos.

Quando muitos duvidavam da eficácia do sistema de vacinação para o SARS-COV 2 percebia-se que de quando em vez alguns portugueses tendem a manifestar a sua incapacidade de reconhecer o que somos capazes de fazer bem, talvez impressionados pelo o que fazemos mal ou simplesmente deixamos de fazer. Mas neste caso o lastro da vacinação em Portugal é tão positivo e evidente que nos podemos dar ao luxo de considerar as alimárias dos antivax como animais de estimação em vias de ser reconduzidos a redutos de compreensão por não saberem o que fazem. Mas cá por mim não acredito em coincidências e não deixo de associar os antivax a manobras claras de perturbação da democracia. Ou seja, por muito que nos queiram iludir, há uma raiz política nestes movimentos, tanto mais compreensível quanto se assiste ao desconcerto da direita e à perda de velocidade das habilidades do Ventura.

Mas a subtil ironia do Pedro Goulão é que vale a pena aqui citar: “Quando eu era puto e queríamos dizer que alguém era responsável pelos seus atos dizíamos que ele era maior e vacinado. Perdeu-se qualquer coisa. Provavelmente memória, mas eu ainda vi as marcas da poliomielite na minha mãe. Portanto a minha pachorra para a liberdade antivax é limitada”.

Mas como temos visto ultimamente a máxima do maior e vacinado ainda conserva a sua relevância, dada a consciência cívica que Portugal revelou neste processo. Reforçado pela excelente adesão da população mais jovem e estou certo que tal como nos EUA, começaremos rapidamente a abordar a questão do escalão etário entre os 5 e os 12 anos.

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