Volto ao Afeganistão, uma conjuntural quase obsessão que é, a meu ver, profundamente legítima dadas as terríveis circunstâncias em presença. Vinte anos depois, os talibãs controlam novamente Cabul e as grandes potências internacionais sacodem como podem a água do capote, ao mesmo tempo que convocam reuniões de urgência para debaterem — candidamente, embora bastante aflitas face aos covardes receios do que lhes pode cair em cima, nacionalisticamente falando é bom de ver — a dramática situação de que são as grandes responsáveis coletivas e individuais (todas em geral e algumas muito em particular). As imagens da ocupação do palácio presidencial chocam pelo que evidenciam de autoritarismo gratuito e descontrolado, mas serão os inocentes cidadãos afegãos (com destaque para as suas mulheres) os maiores sofredores do que ali estará ainda para vir de pior. Além das consequências em termos de refugiados, que necessariamente se repercutirão maioritariamente sobre uma Europa sem política externa e, portanto, tornada altamente vulnerável porque destituída de uma voz ativa respeitada e respeitável. Uma tragédia de todas e quaisquer perspetivas!
(Peter Schrank, https://www.original-political-cartoon.com)
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