(Hoje, pelas 12 galegas, alguns personagens não serão os mesmos, mas o espírito esse sim continuará a ser o mesmo)
(Paradoxalmente, depois de três dias com terras da Galiza ao alcance da minha varanda em Seixas, aqui estou, regressado à aglomeração do Porto, a festejar o 25 de julho, Dia da Galiza, da Pátria Galega, Festa Nacional da Galiza ou como lhe queiram chamar. Foi e creio que continuará a ser um caminho frutuoso que trouxe a Galiza até aos nossos dias, com a sua Autonomia, bem menos problemática do que as suas congéneres históricas, País Basco e Catalunha, mais a segunda do que a primeira, ainda à procura de um equilíbrio possível entre o nacionalismo cultural e a sedução do independentismo, hoje claramente menos sedutor do que já foi…)
A Xunta de Galicia e o Ayuntamiento de Santiago de Compostela rejubilam com a terceira visita consecutiva do Rei Filipe VI, sua mulher Letizia e princesas a Santiago para protagonizarem a célebre oferta ao Apóstolo, com a Vice-Presidente de Sánchez, a galega Yolanda Diáz a representar o governo, num dos rituais mais emblemáticos do espírito galego.
Estas coisas da Monarquia Constitucional têm que se lhe diga. Pode ser muito criticada e o Rei Emérito “borrou” claramente a escritura com os seus desmandos fiscais e não só, mas quando hoje pelo meio-dia a família real chegar à Praça do Obradoiro e entrar na Catedral, lá no íntimo dos galegos, pelo menos os não arregimentados pelo Bloco Nacionalista Galego, sentirão algum orgulho regionalista e pelo seu reconhecimento público. Talvez alguns se recordem que o Consórcio que comandou a reabilitação urbana de Santiago de Compostela envolveu ineditamente o Ayuntamiento, o Governo da Xunta, o Governo central e também o Rei, o que é obra.
Claro que sabemos que o dia da Pátria galega ou simplesmente o 25 de Julho é festejado de forma distinta pelos nacionalistas (BNG) e pelas restantes forças políticas. Joana Mortágua estará presente em representação do Bloco de Esquerda, acompanhada de outras forças nacionalistas, como a Esquerra Republicana da Catalunha e pelas restantes forças políticas. O Presidente do Ayntamiento de Santiago, Xosé Sánchez Bugallo, um dos mais lúcidos representantes do PSOE galego, que tarda a recompor-se de sucessivas lideranças sem grande presa eleitoral e um excelente Autarca, certamente que rejubilará com este dia em que a Praza do Obradoiro e a Catedral assumem o lugar central da Região.
Continua a ser um verdadeiro mistério que as três Cidades mais importantes, Corunha (Ines Rey), Santiago (Bugallo) e Vigo (Abel Caballero), personalidades bem diferentes, continuem em mãos de lideranças do PSOE e a nível regional o PP parece estar instalado para todo o sempre, agora que conseguiu uma transição pacífica entre Nuñez Feijoo e Alfonso Rueda.
Mas o que verdadeiramente fica desta evolução e embora não esquecendo algumas das forças estruturais do atraso galego, é a força da própria Autonomia, catapultando o desenvolvimento económico galego dificilmente atingível sem esse passo histórico que consagrou a Galiza como uma das autonomias históricas. Certamente que a crise financeira de 2007-2008 e a crise das dívidas soberanas estoiraram com uma das joias da coroa galegas, o seu sistema financeiro regional. A convicção galega abalou porque perdeu um dos seus bastiões, ainda que atomizado na luta impiedosa Corunha versus Vigo protagonizada pelas suas Cajas de Ahorro. O futebol também vive dias agitados, sobretudo com o Deportivo da Corunha ainda a sangrar de feridas antigas e longe dos holofotes da Liga principal.
Já há tempo que não converso sobre estas matérias com os meus Amigos galegos mais próximos. Um dia destes uma oportunidade de trabalho surgirá. Estarão certamente mais velhos e maduros, mas estou seguro que o espírito crítico não amoleceu.
Um brinde à Galiza e a esses Amigos.
Sem comentários:
Enviar um comentário