(Agosto aproxima-se a passos largos, mas já com o Julho avançado a senda da animação de cidades, vilas e aldeias, pois todos aspiram a essa animação à medida da sua escala, está ao rubro. Não existe, pelo menos do meu conhecimento, qualquer estudo ou repositório sobre o universo dessa animação que tenhamos de convir materializa muita da energia e capacidade de iniciativa que vai resistindo nestes territórios. Por isso, navegamos em terrenos imprecisos e de impressões/vivências, com toda a margem de subjetivismo interpretativo e gosto estético, logo sujeitos a grandes injustiças. Compreendo toda essa necessidade de animação, louvo a capacidade de iniciativa que vai subsistindo sobretudo nos territórios mais carenciados de recursos e não é matéria que me provoque especial resistência. Com a exceção das Feiras Medievais que se multiplicam por todo o lado num jogo de chave na mão e aqui por terras do Alto Minho, junto à fronteira, com a presença de uma força empresarial galega que vai ocupando espaço. Embirro solenemente com a ilusão de que estamos a reconstituir ambientes medievais dos sítios e lugares que acolhem estas iniciativas, pois não se vislumbra nenhuma vontade de incorporar e tratar investigação histórica local. O produto está padronizado e com a exceção de alguns rostos frescos e bonitos que abrilhantam algumas das barraquinhas e que me ajudam a desconstruir a irritação é coisa que não consigo evitar, pois ocupam regra geral o centro da vila e desse não abdico, pois há o ritual dos jornais e das revistas na Gomes, a esplanada na praça central, a leitura indisciplinada, os bate-papos cada vez menos frequentes com Amigos pois estes desertaram…)
Caminha não é exceção e neste fim de semana lá temos a Caminha medieval, igualzinha à Cerveira medieval e outras que tais, talvez com a exceção de Santa Maria da Feira que me parece projetada numa outra escala e que é dificilmente mimetizável por iniciativas de menor projeção, como me parece ser a de Caminha. Este ano a Feira apresenta-se com uma articulação explícita com o Caminho de Santiago e isso pode ser um bom prenúncio para novos rumos de organização do evento.
Numa pequena incursão de sexta-feira à tarde a antever canícula pude comprar a um galego simpático uns saquinhos de chá roibbos de que gosto bastante e que alguém entendido terá dito que apresenta particulares características anti-oxidantes. O vício de comprar sobrepôs-se claramente à irritação com o evento, regra geral é sempre assim. Algumas casas comerciais foram particularmente imaginativas no desenho das suas montras e espaços de entrada, ao menos isso porque foge à padronização e tem alguma coisa de incorporação local.
E assim se fará num fim de semana pré férias, que bem as mereço, com os netos do Porto a animar o espaço de Seixas, um acontecimento bem mais importante do que a Caminha medieval.
Nota complementar:
Em vários escritos e trabalhos, tenho alertado para a absoluta necessidade da generalidade dos territórios começar a organizar-se profissionalmente para gerir a triangulação “atrair-acolher e integrar migrantes que queiram vir residir e trabalhar para Portugal”. Por organização profissional séria e empenhada entendo precisamente o contrário do que tivemos explicitamente revelado em Odemira. Como costumo dizer, quando existe uma má prática tão explícita como a que podemos associar a Odemira, tudo é mais fácil, pois basta fazer diferente.
Ontem, ao fim da tarde, tive o primeiro contacto com um casal coreano (Coreia do Sul), com três filhos, que serão meus vizinhos, tendo comprado uma casa contígua e geminada com a minha. Uma simpatia. Espero sinceramente que o país seja capaz de não desperdiçar esta bênção. Tudo faremos na quota parte de gente reservada que somos para contribuir para esse bom acolhimento.
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