sábado, 23 de julho de 2022

ITALIA VA IN FONDO?

(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it e Agustin Sciammarella, http://elpais.com) 

O meu post de há dias sobre o fim político de Mario Draghi chegou a parecer extemporâneo, dadas as variadas tentativas que se produziram no sentido de o demover (do presidente às principais forças políticas democráticas) e o aparente êxito que as mesmas pareciam estar a conseguir lograr a dado momento do tempo (acho que até o próprio Draghi também acabou por acreditar que não seria ainda desta vez que passaria à reforma). Mas o golpe de teatro de uma moção de confiança rejeitada pelos parceiros governativos de direita (ou extrema-direita, uma talvez melhor caraterização dos partidos liderados por Matteo Salvini e Silvio Berlusconi) deitou novamente tudo a perder e aí está a Itália a caminho de eleições (que até já têm data, 25 de setembro).

 

Fui ver as sondagens mais recentes e a situação revela-se arrepiante (veja-se o gráfico abaixo, que apresenta a média simples dos valores divulgados nas últimas cinco auscultações disponíveis), já que são os neofascistas (que haviam sido os únicos a ficarem de fora do governo de Draghi, ganhando aí a credibilidade do outsider não culpado que cada vez mais impera quando a descredibilidade da política e dos políticos se torna socialmente dominante) que comandam e já que, ademais, as três forças da extrema-direita nacionalista, populista e conservadora alcançam impensáveis valores estimados entre 44% e 48% (contra os pouco mais de 22% dos social-democratas de Enrico Letta ou, se assim quisermos admitir por aproximação democrática, os 33% daqueles quando somados aos obtidos pelo movimento agora liderado pelo mais fiável Giuseppe Conte) – ou seja, lutas de galos à parte, e elas existirão necessariamente e serão o que neste caso ainda nos pode vir a valer a todos (italianos e europeus), será que se prefigura mesmo no horizonte a efetivação do cenário algo dantesco de um governo encabeçado por Giorgia Meloni e de algum modo reforçado/apoiado por gente tão pouco recomendável como Salvini e Berlusconi?


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