quinta-feira, 14 de julho de 2022

CIAO, MARIO!

(cartoon de Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)

A demissão de Mario Draghi, hoje acabada de acontecer mediante ameaça, era verdadeiramente esperada desde o início desta solução governativa. A renovada fórmula de junção de tecnocratas e populistas permitia antever este triste desfecho (agora ou alguns dias mais à frente), também porque Giuseppe Conte fora de algum modo destratado com a chegada do ex-presidente do BCE (aproximando-se na sequência do “Movimento Cinco Estrelas”) e depois devido ao facto de Draghi ter declinado (após longa hesitação) uma hipotética candidatura à Presidência da República que lhe teria concedido uma saída em glória face à trapalhada que estava escrita.

 

Assim sendo, eis que a crise está em vias de voltar a Itália, desta vez em condições de bastante gravidade vista a seriedade da situação económica nacional (veja-se o meu post de 16 de junho) e considerados os previsíveis impactos da conjuntura geopolítica internacional atualmente em presença. Vêm aí inevitavelmente eleições e a correspondente incerteza fundamental num país tão politicamente dividido (até pontos de alguma perigosidade) quanto desde sempre o é a Itália.


Entretanto, talvez possa ter ficado destes tempos recentes uma lição ― por inútil que possa ser! ― para o experimentado gestor e honrado servidor que é Mario Draghi, afinal alguém que se revelou mais convencional e menos bom enquanto político ― um político que constará sem grande proveito efetivo de várias fotos de cimeiras internacionais e europeias ― do que o foi pela coragem e consequência do whatever it takes de 2012 e correspondentes derivadas que o colocaram na história europeia dos nossos tempos.

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