sábado, 30 de julho de 2022

RÚSSIA E CHINA

(Mark Knight, https://www.kidsnews.com.au) 

Após anos de relativo desaparecimento da ribalta mediática, a Rússia (ou, mais exatamente, a Federação Russa) está no centro de todas as atenções atuais; e diga-se que pelas piores razões. Trata-se do maior país do mundo (17,1 milhões de quilómetros quadrados), a larga distância dos que se lhe seguem em dimensão (Canadá, China e EUA, todos entre os 9,4 e os 9,98 milhões, ou seja, entre os 55 e os 58% da sua área), mas trata-se também de um país relativamente diminuído na sua presença económica internacional – comparemo-lo ao seu grande rival sistémico e geopolítico, a China, hoje transformada numa aliada de ocasião: em termos populacionais e de potencial produtivo, a Rússia apenas se situa a pouco mais de 10% da importância chinesa (144 contra 1402 milhões de habitantes em 2020 e um PIB de 1483 milhões de dólares contra 14,7 mil milhões igualmente em 2020), o que, sendo já revelador, resulta ainda mais expressivo quando comparadas as respetivas capacidades exportadoras (a China exporta quase 7,5 vezes mais do que a Rússia) e, sobretudo, quando confrontados os respetivos perfis de especialização.

 

Vejamos de modo sumário este último tópico, para o que recorro aos dados fornecidos pelo Atlas da Complexidade (ver meu post de 27 do corrente) em termos agregados. Numa agregação máxima, à la Colin Clark, retenha-se a seguinte e chocante diferença (que marca desde logo, obviamente, toda a diferença): a Rússia é exportadora de produtos primários em 60,2%, de produtos do setor secundário em 27,3% e de serviços em 12,6%, ao passo que a China é dominante e avassaladoramente exportadora de produtos industriais (82,7%), ficando-se pelos 8,8% e pelos 8,4% no tocante a produtos primários e do setor terciário, respetivamente. 


Procurando ler um pouco mais em detalhe, vejam-se os gráficos acima, de onde destaco a brutal dependência russa em termos de vendas internacionais de minerais, produtos agrícolas e pedras preciosas por contraposição à pujança manufatureira chinesa (com ênfase na eletrónica e na mecânica, bem mais do que na têxtil). Aprofundando um pouco mais além, os gráficos seguintes apontam de modo evidente o peso específico do petróleo (bruto, refinado e gases) e do ouro, logo seguidos do carvão e da platina, na estrutura de trocas comerciais russas com o exterior, ao mesmo tempo que permitem confirmar o peso de alguns produtos sofisticados ou complexos (aparelhos transmissores, computadores e circuitos integrados eletrónicos) na estrutura exportadora chinesa. Muito fica por dizer após esta breve incursão, designadamente no tocante a um complemento com recurso ao padrão geográfico das trocas em presença, mas quero acreditar que este brevíssimo bosquejo é esclarecedor por si só.



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