domingo, 13 de novembro de 2022

DA IMATURIDADE EM POLÍTICA

Em relação aos escândalos que se têm multiplicado no seio da atual governação, este é de outra ordem e natureza. A contratação de um adjunto de 21 anos e recém-licenciado em Direito para desempenhar funções no gabinete da ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva (MVS), auferindo um vencimento de 3700 euros brutos mensais, releva essencialmente de uma manifesta insensibilidade social, por um lado, e de uma enorme desatenção quanto à generalizada perda de credibilidade que afeta a classe política, por outro. De facto, só pode ser altamente crítica e de elevado grau de revolta a reação da maioria dos jovens portugueses (e respetivos pais e familiares) que concluíram os seus estudos (com maior ou menor dificuldade e maior ou menor brilhantismo) e que crescentemente se vão deparando com limitações e obstáculos para encontrarem colocação no mercado e/ou um emprego pago a valores minimamente decentes (a velha e já consabida questão dos “mileuristas”). MVS, que é uma governante leal, séria e inteiramente dedicada à causa, defendeu-se das acusações que lhe foram dirigidas declarando ter cumprido escrupulosamente a lei, coisa de que não se duvida. Mas o verdadeiro problema é que nem tudo pode ser analisado a essa estrita luz, visto que a um(a) ministro(a) se exige especial atenção ao enquadramento económico-social em que vive e, consequentemente, às angústias e demais dimensões de sofrimento pessoal e familiar que atingem os seus concidadãos.

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