Quando penso no que foram estes meses outonais, logo me vem à cabeça a história daquele aluno que, confrontado com um professor a debitar velozmente matéria, desabafa a sua impotência para captar o essencial do que ali está a ser transmitido com um “assim não as agarro”. Com efeito, o Outono de 2022 tem sido tão pródigo em acontecimentos dignos de análise que um modesto blogger em part-time necessariamente acaba por não conseguir deles realizar um acompanhamento detalhado e à altura. Resolvi, por isso, passar em revista, com a ajuda de vinhetas de autor devidamente falantes, alguns temas que aqui não foram tratados ou o foram limitadamente e que julgo bem merecedores de um (novo) sublinhado.
Começo hoje pela nossa pequena realidade à beira-mar plantada, escolhendo três tópicos: a abrir, a recorrente problemática dos fundos de origem comunitária que são matéria marcante do quotidiano das nossas gentes que falam mais alto (dos políticos com funções executivas aos políticos supostamente fiscalizadores, dos jornalistas aos comentadores, dos representantes empresariais aos restantes cidadãos ativos), no caso o atraso no recebimento dos dinheiros do PRR e as baixas taxas de execução que Marcelo não perdoará à ministra; imediatamente acima, a magnífica demonstração de modernidade do nosso Web Summit, dividida entre unicórnios de aceleradores de taxímetros e as fábricas de unicórnios que o ministro da Economia veio favorecer; abaixo, por fim, o inesgotável e sempre criativo assunto da nossa companhia de bandeira e da variabilidade do seu destino em função da direção dos ventos que sopram para os lados de S. Bento e respetivos fieis. Mas que ninguém duvide, fazendo fé na douta palavra de Chico Buarque: “esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal” ― um dia será!
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