(cartoons de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt e Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt)
Marcelo lá partiu todo contentinho para a sua mais recente glória delirantemente imaginada para Doha, onde promete fazer mais uma das suas cada vez mais lamentáveis prestações público-mediáticas, que já ninguém escuta. Correndo o risco adicional de aborrecer o seu vizinho do lado na bancada do estádio onde Portugal vai jogar, como genialmente adianta Luís Afonso com aquele “ó homem, deixe-me ver o jogo”...
Mas Marcelo não está isolado na sua inaptidão para percecionar o ridículo em que se deixa cair. De facto, o caso da FIFA é ainda pior ― porque, sendo também ridículo, tem contrapartidas financeiras claras, diretas ou indiretas, assim se reconduzindo a uma dimensão que passa da mera vaidade pessoal para a de uma completa cumplicidade paga ― no seu indisfarçado comprometimento com o regime do Catar. Salvou-se em todo este degredo a reação de protesto dos jogadores alemães, mas a verdade é que tarda por demais uma limpeza das estruturas que dirigem o futebol internacional que as reponha ao serviço da essência dos grandes princípios desportivos!
Neste quadro, e como tende a ser habitual, também a nossa instituição do setor fez das suas aquando do jogo de preparação em Alvalade contra a Nigéria. Citando o descritivo da Amnistia Internacional Portugal: “Nas imediações do estádio, a organização distribuiu cerca de mil camisolas amarelas da ‘Forgotten Team’ (a equipa esquecida), em solidariedade para com os milhares de trabalhadores que sofreram abusos de direitos humanos e perderam a vida para que a realização do mundial fosse possível. Pouco depois, recebeu informação por parte de alguns adeptos que os seguranças no estádio estavam a obrigar as pessoas a tirar e a entregar-lhes as camisolas. A equipa de ativistas da organização comprovou isto tentando também entrar com estas camisolas, tendo-lhes sido dada a mesma indicação: que apenas poderiam entrar se despissem as camisolas e as deixassem fora, colocando-as no lixo. Por fim, os seguranças recusaram-se a restituir as camisolas abandonadas aos ativistas da organização. Segundo os relatos, os seguranças justificaram esta ação respondendo às pessoas que estão a seguir indicações da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).” Simplesmente tão mais inconcebível quanto absolutamente desnecessário que não por mero e acéfalo servilismo de postura e/ou interesse.
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