segunda-feira, 7 de novembro de 2022

HE’ S AMAZING!


Apenas para aqui assinalar o meu alívio e a minha satisfação pela chegada ao seu final desse tão evitável evento a que chamam “Web Summit”. Com o registo daquela que foi a habitual marca marcelista, sempre tentativamente popular e divertida mas frequentemente à côté e algo apalhaçada, nas sessões de encerramento do dito (as fotos falam por si...). E, ainda, de uma passagem nos antípodas por parte do ministro da Economia, discreto e cheio da seriedade que generalizadamente se lhe reconhece mas forçado a desempenhar um papel que não lhe assenta de todo, entre anúncios políticos de pequeno espetro (como o de que “nos próximos dias vamos lançar um financiamento de 90 milhões de euros para vouchers digitais e ajudar três mil startups nos próximos quatro anos”) e de largo espetro (como o de que “fruto da presença da Web Summit em Portugal criou-se, nos últimos sete anos, um ecossistema de inovação” ― mas o homem não sabe o que é verdadeiramente um sistema de inovação e o que na matéria têm sido os progressos nacionais? ― ou o decorrente de um novo indicador que ali inventou na hora e segundo o qual “temos hoje o maior número de unicórnios em proporção do PIB”) e declarações típicas de um marketeer (como a de que hoje Portugal é uma combinação de surf e tecnologia, de bom tempo e startups tecnológicas, de sol mas também soluções inovadoras), acabando por se tornar pouco menos do que risível. Pessoalmente, como já aqui sublinhei, não sou capaz de aderir ao fingimento desta alegada nova manifestação de orgulho e pujança nacional e muito me revejo no descrente descritivo (em moldes necessariamente exagerados) que Ricardo Araújo Pereira ontem e anteontem nos deixou sobre o referido evento (onde nas sessões públicas se falou mais de alterações climáticas do que de digital e onde as bocas mais conhecidas se encheram até à exaustão de palavras tão modernas e fantásticas como unicórnios, nómadas digitais ou startups e fábricas disso). E nem sequer faltou a presença, algo compreensivelmente talvez por força da conjuntura de guerra que Putin forjou, de uma bem esgalhada selfie do nosso Presidente ao lado de uma senhora Zelenska que pouco ou nada tinha a ver com tudo aquilo!


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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