terça-feira, 22 de novembro de 2022

EDU E MÔNICA

Pena que a sala não estivesse mais cheia para ouvir a dupla Edu Lobo / Mônica Salmaso, ontem à noite na Casa da Música. “Uma soma diferente” chamava-lhe Nuno Pacheco num artigo anunciador no “Público” ― ele, um monstro da MPB com 6 décadas de carreira e já 79 anos; ela, uma das vozes femininas mais diferenciadas que integram o panorama artístico brasileiro. “Os nossos tons são muito próximos”, salienta Mônica; “porque Mônica não é contralto”, justifica Edu; o duo funciona com rara harmonia, acrescento eu. Cada um interpretou vários temas separadamente (“Pra dizer adeus” ou “Ciranda da bailarina”, respetivamente e entre outros) mas os momentos mais poderosos estiveram indiscutivelmente nas performances conjuntas (“A mulher de cada porto”, “Valsa brasileira”, “Beatriz” ou “Trenzinho do caipira”, nomeadamente), sendo que assim se comprova que Chico Buarque também andou pelo palco (talvez num prenúncio do que será o seu esperado regresso a Portugal no próximo ano). Ambos espalharam simpatia à sua distinta maneira, sendo de ressaltar a sensibilidade com que Mônica falou do que está para acabar do outro lado do Atlântico e a simplicidade com que Edu mostrou a sua natural faceta de anti-vedeta (inigualável, por exemplo, aquela historieta com Tom Jobim a dirigir-se a um Edu que tocava dois acordes seus dizendo-lhe “você é craque”). Noventa minutos a enviar diretamente para o baú das recordações.

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