quinta-feira, 10 de novembro de 2022

QUANDO OS ENGANOS NÃO SÃO AMARGOS

 



(O meu pessimismo sobre as intercalares americanas não se confirmou. Biden terá conseguido um dos melhores desempenhos em intercalares entre os últimos Presidentes e, mais importante do que tudo, os candidatos negacionistas apadrinhados por Trump perderam as suas corridas eleitorais, com a exceção de J.D. Vance, o autor de Hillbilly Elegy que se tornou político. Mas as intercalares americanas dão cabo da cabeça a qualquer um pela sua complexidade e pela longa maratona para o pleno conhecimento dos resultados. Os Republicanos ganharão a Câmara de Representantes por uma pequena diferença e no Senado pode bem acontecer que os Democratas mantenham à justa a maioria…)

Há assim enganos que não trazem amargura por aí além, embora o diagnóstico da polarização máxima e das ameaças que pairam sobre a democracia americana não tenha sido em nada beliscado pelos resultados conhecidos até agora.

A tão propagada “onda vermelha” reclamada pelos mais incendiários adeptos da MAGA (Make America Great Again) terá sido travada, sugerindo que houve mais matéria nestas eleições do que a tríade inflação, crime e imigração. Porém, não me parece que isso seja suficiente para acalmar os espíritos democráticos até 2024. O triunfalismo de Trump acabou por ter um sério revés mas isso também não significa que desista da sua candidatura em 2024. Significará apenas que terá uma batalha mais dura do que esperaria na família Republicana, agora que a imprensa americana parece lançar o Governador da Flórida De Santis na corrida, dada a vitória relativamente folgada que acaba de obter. Não por acaso e no estilo que lhe é conhecido, Trump na noite eleitoral ensaiou imediatamente a capitalização dessa vitória, embora sabendo de antemão que provavelmente será esse o adversário mais relevante que poderá enfrentar nas primárias Republicanas.

Por sua vez, a Presidência de Biden, mesmo que não ferida de morte nestas intercalares, enfrentará uma segunda metade da sua governação com desafios gigantescos, cujos resultados poderão dificultar a sua reeleição, isto pressupondo que aos 80 e picos se sinta física e animicamente em condições para disputar a corrida em 2024.

Em síntese, o meu engano não trouxe amargura, mas a democracia americana permanece sob as mesmas ameaças.

 

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