Inicia-se amanhã o polémico Mundial do Catar, uma localização (cuja decisão já remonta a 2010) que nasceu torta pela escolha de um país-anfitrião sem qualquer relevância na modalidade e completamente impróprio pelas caraterísticas de intolerância e violação dos direitos humanos que definem o seu fechado regime, ademais uma escolha que é largamente objeto de suspeitas (e certezas) em matéria de corrupção nas “negociatas” associadas às condições de atribuição (o Qatargate, com envolvimentos de monta internamente à indústria e Platini em lugar proeminente e na esfera política ao mais alto nível e, ao que consta, com Sarkozy na primeira linha). Para além disso, há ainda as denunciadas manifestações de escravidão nos estaleiros construtivos das infraestruturas necessárias (com milhares de mortes à mistura) e as igualmente denunciadas aberrações ecológicas que acompanharam um tal processo, já para não apontar o facto de o torneio não poder acontecer no Verão (por excesso de calor) e assim obrigar a uma alteração de todos os grandes calendários desportivos com prejuízo para os clubes (que são a base última da competição futebolística) e as provas mais icónicas (Liga dos Campeões, em especial). Há quem sustente que este campeonato devesse merecer a indiferença dos cidadãos e adeptos em geral, coisa que constitui uma óbvia e absoluta impossibilidade, razão pela qual nos resta remeter para o “esqueçamos isso” sugerido pelo nosso inflamado Presidente e assim seguir os bons conselhos abaixo deixados por Matt: beber para esquecer e assumir as más notícias que nos vão chegando do mundo como uma preparação para os desapontamentos que o Mundial necessariamente nos trará, o que sucederá, aliás, aos apoiantes de trinta e um dos trinta e dois países participantes ― sorrirão os brasileiros, como indicam as principais casas de apostas?
Sem comentários:
Enviar um comentário