terça-feira, 21 de março de 2023

A BONDADE DE UMA PRISÃO PRIMAVERIL

O dia já vai a meio e ainda ninguém confirmou a prisão de Donald Trump, por ele pré-anunciada para hoje. Seria indiscutivelmente um facto digno de assinalar um bom começo de Primavera, acompanhando o sol radioso com que por cá fomos brindados. Ironia à parte, o ex-presidente americano era certamente mais do que merecedor de que tal viesse a ocorrer, seja pelo conjunto de enormidades antidemocráticas e antiocidentais com que encheu o seu mandato e o respetivo legado seja pelo modo como deliberadamente não fez face à pandemia e assim se tornou cúmplice de milhões de mortes no seu país. Mas, hoje por hoje, a prisão de Trump sancionaria também as escolhas a que ele deu provimento em matéria de regulação bancária, designadamente ao promulgar a maior reversão da regulamentação financeira desde a crise de 2008 (ou seja, desde a lei federal de 2010 que ficou conhecida por Dodd-Frank e viera alterar o quadro de funcionamento das agências reguladoras financeiras e da indústria de serviços financeiros) através de medidas que voltaram a suavizar a restritividade imposta à maioria dos bancos (em especial, por via da elevação do limite definidor dos bancos too big to fail de 50 mil milhões para 250 mil milhões de dólares e da correspondente inaplicabilidade de submissão a stress tests), tudo tendo agora culminado na crise de contornos ainda não completamente apuráveis que estamos a atravessar. Em defesa da prisão de Trump, pois, se não for hoje que seja para o mais breve possível.

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