Foi ontem lançado a público o “Índice de Competitividade Regional da UE 2.0 - edição de 2022”, um documento que existe desde 2010 com constantes afinamentos ao longo do tempo. O seu objetivo é o de medir os principais fatores de competitividade de todas as regiões de nível NUTS-2 da União Europeia, usando para tal um significativo conjunto de indicadores capazes de avaliar a capacidade de uma região para oferecer um ambiente atraente a empresas e residentes que nela pretendam morar e trabalhar. A edição deste ano baseia-se numa metodologia atualizada e, portanto, o índice foi designado por RCI 2.0. Os principais insights da publicação estão disponíveis online, sendo a mesma acompanhada por um conjunto de úteis ferramentas interativas.
O framework analítico é o abaixo descrito, considerando três sub-índices que surgem referenciados como básico (associado a áreas como a institucional, a macroeconómica, a infraestrutural, a da saúde e a da educação básica), de eficiência (incluindo a educação superior e a formação profissional, o mercado de trabalho e a dimensão do mercado) e de inovação (diferenciando a adequação tecnológica, a sofisticação dos negócios e a inovação propriamente dita).
O primeiro gráfico que elaborei em cima dos dados disponibilizados evidencia o ranking dos 27 Estados membros, com o dado curioso de Portugal surgir colocado em 15º lugar, bem acima dos posicionamentos medíocres que têm sido salientados em termos de níveis relativos de desenvolvimento e com um melhor indicador do que, a título de exemplo, Espanha e Itália, por um lado, ou Polónia e Hungria, por outro. O segundo gráfico procura evidenciar as componentes de desagregação explicativa do desempenho português, sendo de destacar que nos situamos bem acima da média na área da inovação, na média no sub-índice básico e abaixo da média em termos de eficiência; olhando mais em detalhe, constate-se que são a dimensão do mercado, o pilar macroeconómico e o ensino superior (por esta ordem decrescente) que puxam o resultado português para baixo, ao invés do contributo mais positivo que advém da sofisticação de negócios (oportunamente, procurarei analisar o que está aqui em causa e é, à primeira vista, algo intrigante).
Em termos mais especificamente regionais, os mapas mais abaixo ilustram bem a afirmação competitiva atribuída à Área Metropolitana de Lisboa e, em boa medida também, à Região do Norte. Sendo claros o contributo dominante da área da inovação em ambos os casos e a continuada presença de alguns estrangulamentos nas duas (sobretudo a Norte) e de debilidades importantes as restantes regiões do País. No cômputo geral, Lisboa ocupa em 2022 o lugar 67 no contexto das 234 regiões europeias existentes, com o Norte e o Centro nas posições 133 e 146 e as demais colocadas na parte largamente inferior da tabela. Mais considerações na matéria só com um estudo mais cuidado do que aquele que o comentário em tempo quase real me permitiu.
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