(Understanding Organizations … Finally é a última obra de Henry Mintzberg, Berret-Koehlçer Publishers, inc., 2023, uma espécie de patrono intelectual das minhas incursões profissionais e não só pelo planeamento estratégico e organizacional, ao qual sempre regresso. Por maioria de razão uma obra tão recente e com título tão provocador teria naturalmente que atrair a minha atenção, saltando por outras leituras que esperam, algumas seguramente já desoladas, que seja o seu tempo. O que mais aprecio na obra de Mintzberg é a desconstrução permanente que realiza a partir da sua experiência vasta e diversificada de Professor, Investigador e Consultor, do management e a contraposição que realiza da necessidade de compreender as organizações, por mais diversificadas e de múltipla inscrição setorial que se apresentem. Aprecio também a sua permanente denúncia da tirania da medida, que o leva provocatoriamente, como sempre, a considerar que é sobretudo importante gerir o que não pode ser medido e não as matérias sobre as quais construímos indicadores infindáveis).
A obra agora publicada é uma espécie de regresso com lucidez ao velhinho (1979) The Structuring of Organizations: a Synthesis of the Research, posteriormente sintetizada e encurtada para o grande êxito editorial de Structure in Fives (1983), para uma nova síntese de experiência e reflexão sobre esse tema apaixonante das organizações.
Para hoje destaquei essencialmente o contributo seminal de Mintzberg, já aflorado no também seminal The Rise and Fall of Strategic Planning que marcou toda a minha atividade nessa matéria, segundo o qual os processos de tomada de decisões, de formação de estratégias e do que os gestores concretizam na sua atividade podem ser com vantagem descritos e interpretados no interface entre (mantendo as expressões anglo-saxónicas) “art”, “science” e “craft”, que poderíamos traduzir, talvez imperfeitamente, por arte, ciência e prática. A primeira é essencialmente baseada na intuição, visão e baseada em ideias. A segunda é mais analítica e baseada na evidência e a terceira é de natureza, prática, realística e baseada na aprendizagem do erro e da experiência.
O assunto interessa-me bastante, pois ando às voltas com a construção “coletiva” das competências coletivas da organização em que ainda trabalho, para a qual a perceção do que este interface trazido pelo triângulo acima reproduzido representa é de uma relevância crucial.
É sobretudo muito interessante o exercício que Mintzberg nos propõe de avaliarmos a nossa própria maneira de trabalhar e decidir numa organização, analisando o quadro baixo:
“Assinale em cada linha com um círculo qual das palavras constantes das seguintes linhas refletem a sua maneira de trabalhar e decidir na organização em que trabalha”:
Ideias |
Experiências |
Evidência |
Intuitivo |
Prático |
Analítico |
Coração |
Mãos |
Cabeça |
Estratégias |
Processos |
Resultados |
Inspirador |
Comprometimento |
Informando |
Apaixonante |
Útil |
Confiável |
Novo |
Realista |
Determinado |
Imaginando |
Aprendizagem |
Organizando |
Vendo |
Fazendo |
Pensando sobre |
“As possibilidades são ilimitadas” |
“Considere que está feito” |
“Está perfeito”. |
Fonte: Mintzberg e Patwell |
“Some a totalidade dos círculos por coluna”.
Daqui é muito provável que cheguemos a organizações mais intuitivas, mais práticas e baseadas na experiência ou mais atenta à evidência e ao potencial da análise.
Não existe ciência que nos diga qual é mais modalidade mais vantajosa e podemos até chegar à conclusão que na mesma organização variam as abordagens consoante os processos ou tarefas.
Como classificaria a sua própria organização?
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