segunda-feira, 27 de março de 2023

O ÚLTIMO MINTZBERG

 

(Understanding Organizations … Finally é a última obra de Henry Mintzberg, Berret-Koehlçer Publishers, inc., 2023, uma espécie de patrono intelectual das minhas incursões profissionais e não só pelo planeamento estratégico e organizacional, ao qual sempre regresso. Por maioria de razão uma obra tão recente e com título tão provocador teria naturalmente que atrair a minha atenção, saltando por outras leituras que esperam, algumas seguramente já desoladas, que seja o seu tempo. O que mais aprecio na obra de Mintzberg é a desconstrução permanente que realiza a partir da sua experiência vasta e diversificada de Professor, Investigador e Consultor, do management e a contraposição que realiza da necessidade de compreender as organizações, por mais diversificadas e de múltipla inscrição setorial que se apresentem. Aprecio também a sua permanente denúncia da tirania da medida, que o leva provocatoriamente, como sempre, a considerar que é sobretudo importante gerir o que não pode ser medido e não as matérias sobre as quais construímos indicadores infindáveis).

 

A obra agora publicada é uma espécie de regresso com lucidez ao velhinho (1979) The Structuring of Organizations: a Synthesis of the Research, posteriormente sintetizada e encurtada para o grande êxito editorial de Structure in Fives (1983), para uma nova síntese de experiência e reflexão sobre esse tema apaixonante das organizações.

Para hoje destaquei essencialmente o contributo seminal de Mintzberg, já aflorado no também seminal The Rise and Fall of Strategic Planning que marcou toda a minha atividade nessa matéria, segundo o qual os processos de tomada de decisões, de formação de estratégias e do que os gestores concretizam na sua atividade podem ser com vantagem descritos e interpretados no interface entre (mantendo as expressões anglo-saxónicas) “art”, “science” e “craft”, que poderíamos traduzir, talvez imperfeitamente, por arte, ciência e prática. A primeira é essencialmente baseada na intuição, visão e baseada em ideias. A segunda é mais analítica e baseada na evidência e a terceira é de natureza, prática, realística e baseada na aprendizagem do erro e da experiência.

O assunto interessa-me bastante, pois ando às voltas com a construção “coletiva” das competências coletivas da organização em que ainda trabalho, para a qual a perceção do que este interface trazido pelo triângulo acima reproduzido representa é de uma relevância crucial.

É sobretudo muito interessante o exercício que Mintzberg nos propõe de avaliarmos a nossa própria maneira de trabalhar e decidir numa organização, analisando o quadro baixo:

Assinale em cada linha com um círculo qual das palavras constantes das seguintes linhas refletem a sua maneira de trabalhar e decidir na organização em que trabalha”:

Ideias

Experiências

Evidência

Intuitivo

Prático

Analítico

Coração

Mãos

Cabeça

Estratégias

Processos

Resultados

Inspirador

Comprometimento

Informando

Apaixonante

Útil

Confiável

Novo

Realista

Determinado

Imaginando

Aprendizagem

Organizando

Vendo

Fazendo

Pensando sobre

“As possibilidades são ilimitadas”

“Considere que está feito”

“Está perfeito”.

Fonte: Mintzberg e Patwell

“Some a totalidade dos círculos por coluna”.

Daqui é muito provável que cheguemos a organizações mais intuitivas, mais práticas e baseadas na experiência ou mais atenta à evidência e ao potencial da análise.

Não existe ciência que nos diga qual é mais modalidade mais vantajosa e podemos até chegar à conclusão que na mesma organização variam as abordagens consoante os processos ou tarefas.

Como classificaria a sua própria organização?




 

 

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