(New York Times)
(Faleceu ontem, 24 de março de 2023, com 94 anos, Gordon Earle Moore, cofundador da INTEL CORPORATION e de certo modo um dos pioneiros do universo do high-tech de Silicon Valley. Ao contrário de muitos dos protagonistas deste universo tecnológico, que embora promotores do seu desenvolvimento nunca conseguiram antecipar rigorosamente o alcance das suas próprias proezas, Moore fica associado a uma das mais poderosas e abrangentes leis da evolução tecnológica, a conhecidíssima lei de Moore, segundo a qual o número de transístores que poderiam ser acomodados num chip de silicone iria duplicar em intervalos regulares de tempo, aumentando exponencialmente o poder de processamento dos computadores. Moore acrescentaria a esta lei a observação de que a fabricação de computadores iria ser progressivamente realizada com custos cada vez mais elevados, sem que os consumidores os comprassem cada vez mais caros, antes pelo contrário, pelo simples facto de que a massa de computadores vendidos iria crescer também de forma extrema).
Desaparece assim um dos gigantes do high-tech americano, em confronto com os quais personagens como os senhores da Amazon, do Facebook ou da Tesla são meros amendoins, embora a dimensão dos números por estes alcançados possam sugerir o contrário.
A dimensão que mais me interessava na personalidade de Gordon E. Moore era a sua capacidade de refletir sobre o seu próprio negócio e realizações, sendo capaz de antecipar os efeitos a longo prazo das suas próprias inovações. O que nem sempre acontece já que a inovação é um fenómeno profundamente indeterminado. Sabemos hoje compreender os seus determinantes quando ela se manifesta no mercado, mas somos largamente incapazes de a determinar à partida.
O co-fundador da INTEL CORPORATION tinha essa capacidade rara de formular na modalidade de lei a antecipação desses efeitos, o que lhe reserva um lugar à parte no universo da inovação tecnológica.
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