Na sequência da conclusão do meu último post, fui ver com algum detalhe a situação interna de alguns dos países que evidenciaram evoluções marcantes (positivas ou negativas) no período dos primeiros vinte anos do século ali em análise (sendo que aqui nos cingimos aos dados disponíveis apenas para a década mais recente). A este respeito, julgo que o gráfico acima deixa algumas boas pistas de reflexão, do sempre tido por milagrosamente espantoso caso irlandês ― onde, não obstante, a região do sul explica larga parte do “sucesso” nacional e a região do norte e oeste perde em relação à média comunitária e está hoje a 83% da mesma, assim ficando exposta a enorme desigualdade interna em presença ― à proeza do catching-up checo ― onde Praga está já em níveis duplos face àquela média, sem que tal tenha inibido ganhos de posicionamento para seis das outras sete regiões do país ― e, de algum modo, também romeno ― onde a região de Bucareste passou de um nível equivalente ao de Lisboa para um índice de 166%, igualmente com recuperação de todas as demais para níveis entre perto de 60% e 75% (havendo uma exceção ainda a 49%) ― e, em contraponto, aos relativos desastres português e eslovaco ― o primeiro com todas as regiões em perda e a particularidade de uma região-capital pouco expressiva e em forte declínio, o segundo com ainda mais gritantes desigualdades internas e o centralismo de Bratislava a não lograr nem sustentação própria (veja-se que, em 2010, estava em nível próximo do de Praga) nem uma capacidade de afirmação às restantes regiões (por contraste com os casos acima apontados para a Chéquia e a Roménia).
Vejamos agora dois casos de países significativamente regionalizados e bem ilustrativos de duas evoluções muito diferenciadas: a generalizada desgraça da Itália e a generalizada afirmação da Polónia, aquela com todas as suas regiões em perda (e a Sicília e a Calábria a níveis ainda abaixo dos 60% da média europeia) e esta com todas as suas regiões numa senda positiva (sete delas já bem acima dos 70%, e portanto também da nossa região Norte, e sendo embora de relevar os níveis ainda bastante baixos das restantes).
Faltará, por fim, que consideremos os outros nossos parceiros europeus a sul: a conhecida tragédia grega surge ilustrada no primeiro gráfico abaixo (algo do tipo da italiana mas em maior grau de pobreza) e a situação espanhola, igualmente marcada por uma vertente fortemente negativa mas apresentando a importante e algo compensatória vantagem do policentrismo que a regionalização política lhe confere.
Aqui ficam os esclarecimentos que há muito me estavam acessíveis em termos empíricos e que nunca tinha tido a oportunidade de prestar. Claro que, aqui chegados, o essencial fica por abordar, mas esse só com outra profundidade e contando com um conhecimento mais de perto em relação às realidades respetivas.
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