À medida que for sendo mais divulgada e mais bem apreendida, a aventura/façanha do “Chega” vai ser um crescente pão nosso de cada dia pelos jornais europeus adiante, quando o populismo, o nacionalismo, o antieuropeísmo e o extremismo tiverem lugar reservado no seu tratamento noticioso dos meses anteriores às eleições para o Parlamento Europeu. Trago-vos o exemplo do jovem jornal “Le Grand Continent”, criado em 2019 em Paris com o objetivo de “construir um debate estratégico, político e intelectual numa escala relevante” ― uma interessante cobertura dos resultados das nossas eleições legislativas é ali complementada por um trabalho relativamente minucioso e não destituído de rigor, da autoria de Yves Léonard, sobre a figura que imperou naquele Domingo em que o seu partido atingiu 18% dos votos expressos (alcançando, segundo tudo leva a crer, os 50 deputados eleitos, ou seja, algo menos do que um quarto das representações parlamentares). Junto abaixo os principais títulos escolhidos para elucidar os leitores sobre a personagem em causa, deixando-vos com uma transcrição do parágrafo final do artigo: “Acabar com a exceção portuguesa que parecia proscrever o populismo traduz-se numa herança cada vez mais longínqua da Revolução dos Cravos cuja comemoração do quinquagésimo aniversário, no próximo 25 de Abril, terá uma completamente diferente tonalidade. Com os seus 48 deputados hostis a qualquer celebração dos Cravos de Abril e de ‘Grândola Vila Morena’, hino à fraternidade e à igualdade imortalizado por Zeca Afonso – um ‘comunista’ -, não restam dúvidas de que o ‘Chega’ terá por foco a quebra do ecumenismo ― por vezes de fachada ― que envolve o 25 de Abril.” Quem diria que leríamos algo desta natureza a pouco mais de um mês de recordarmos o “dia inicial inteiro e limpo”.
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