sábado, 2 de março de 2024

OS DUVIDOSOS AMIGOS DE UM BOMBEIRO EM TONS DE VERDE

(cartoon de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt

(Nuno Sampaio, https://expresso.pt)

Um pequeno sinal de apreço pelo invulgar poder de encaixe e pela manifestação de resiliência que Luís Montenegro (LM) demonstrou ao longo desta semana, em plena campanha eleitoral da Aliança Democrática. Ainda que não conseguindo disfarçar alguma irritação perante a sucessão de fogos que foi obrigado a tentar apagar, com as inerentes e insistentes questões que lhe iam colocando os jornalistas, LM merece este sinal. Recordem-se os factos mais salientes que se lhe foram deparando sem pré-aviso: o discurso “cheguista” de Passos (entre a sensação de segurança que deteta nos portugueses e a sua associação com o crescimento da imigração), o ressuscitar de um discurso retrógado por parte da segunda figura do CDS (entre um novo referendo ao aborto e as dificuldades com que o governo de Passos em que participou foi tentando obstaculizar à aplicação da lei aprovada), a indecorosa arrogância do discurso de Albuquerque (entre a sua própria recandidatura ao PSD após o escândalo ocorrido na Ilha e uma atitude provocatória em relação ao líder, de quem afirma não precisar, e ao partido, em relação ao qual se afirma dono do seu lugar na mesa do Congresso), a estupidez política do discurso do seu cabeça-de-lista de Santarém (entre o absurdo de um negacionismo das alterações climáticas e a ameaça de milícias armadas de agricultores). Depois de uma semana destas, em que o espinhense encontrou todos os dias boas razões para recordar aquele velho provérbio popular segundo o qual “com amigos assim, quem precisa de inimigos?”, cresce a expectativa sobre o que a próxima reserva a LM, se um relançamento da normalidade que o seu estoicismo justifica ou se a continuada irrupção de companheiros dotados da mais alta criatividade. 

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