Com o estúpido “Dia de Reflexão” a aproximar-se do seu final, e consequentemente a ida às urnas em vias de chegar, decido-me a estudar um pouco os números eleitorais à luz de tendências passadas e de impressões presentes. Faço-o a partir dos dados da última eleição (2022) e de uma confrontação das minhas expectativas com os dados das três anteriores eleições (2011, 2015 e 2019), não deixando de ter em consideração que só tivemos “Chega” e “Iniciativa Liberal” desde 2019 e “Livre” desde 2015. Vejamos, então, caso a caso o que estimei e obtive: (i) apontei que o número de votantes em branco ou nulo aumentaria em 30% relativamente ao último escrutínio, o que nos reconduz a um total em torno de 300 mil e, assim, a número de abstencionistas de cerca de 5 milhões (taxa de 46,4%, face a um conjunto de inscritos um pouco superior a 10,8 milhões); (ii) admiti que o resultado global de amanhã corresponderia a totais da “Esquerda” e da “Direita” correspondentes aos respetivos valores mínimos e máximos, respetivamente, do período considerado, apenas ligeiramente corrigidos (6%) para atender ao aumento do universo de eleitores ― ou seja, a “Esquerda” deverá ficar-se pelos 250 mil eleitores e a “Direita” pelos 300 mil; (iii) no interior da “Direita” vencedora, considerei uma subida da AD em 15% (que ficaria um pouco abaixo dos 2 milhões), uma duplicação dos votos no “Chega” (cerca de 800 mil) e uma quebra da “Iniciativa Liberal” em 10% (250 mil), sendo também que sempre haverá que tratar à parte o fenómeno especialíssimo do “Chega”, o que significa valorizar o que seja o valor da chamada “Direita Moderada” (AD + IL, quase 38% na estimativa em presença); (iv) no interior da “Esquerda” derrotada, considerei que cairiam o Partido Socialista e o PAN em 20% cada e a CDU em 10% e que aumentariam a sua representatividade o “Livre” em 50% e o “Bloco” em 10%, ficando a expressão de um PS amputado em cerca de meio milhão de votos a níveis ligeiramente superiores aos de 2015. O quadro abaixo sintetiza esta “previsão” completamente pessoal e certamente mais do que falível (amanhã se verá quanto).
Elaboro abaixo sobre o menos provável cenário de uma outra configuração, a de uma chegada à meta com o Partido Socialista à frente e, portanto, Pedro Nuno Santos a ser o convidado para formar governo. Mantendo todo o enquadramento-base constante, tal poderia tender a suceder se o PS conseguisse retirar 40 mil votos ao resto da “Esquerda” e, em simultâneo, a AD apenas subisse 10% em relação a 2022 (perdendo assim 90 mil votos para o resto da “Direita”, com o “Chega” a atingir o limiar crítico dos 15% e a “Iniciativa Liberal” a manter o seu último resultado e a ficar acima do “Bloco”). É claro que existe um cenário alternativo a todos estes, aquele em que a “Direita” adquira uma expressão largamente mais significativa por força de uma consumada dominância do apelo à mudança protagonizada por Montenegro em prejuízo de uma desvalorização da “mudança na continuidade” (mais diria da “quadratura do círculo”) para que Pedro Nuno Santos foi remetido; um cenário, este último, que talvez acabe por ser o mais lógico na circunstância, embora não devesse o mesmo ser tão indecorosamente apoiado pelo chamado “mais alto magistrado da Nação” ― e por aqui me fico, já que Luís Paixão Martins disse tudo o que havia a dizer sobre este verdadeiro golpe contra a democracia por parte de Marcelo.
Sem comentários:
Enviar um comentário