terça-feira, 15 de maio de 2018

A BANCA ITALIANA NA BERLINDA


Enquanto os políticos se vão entretendo em intermináveis negociações visando a formação de um governo, mais de dois meses depois do vergonhoso resultado eleitoral que os italianos produziram, o sistema bancário do país vai sendo parcialmente regenerado: a entidade de maior dimensão, o Unicredit, atirou-se aos seus NPL’s, vendeu ativos e garantiu uma emissão de 13 mil milhões de direitos, enquanto a segunda maior entidade, o Intesa Sanpaolo, anunciou o seu mais elevado montante de lucros desde 2008. Mas, ao invés, as ações do Monte dei Paschi di Siena, resgatado no Verão passado após um calvário de anos, surgem em fortíssima quebra desde o seu regresso à cotação em outubro, assim sendo traduzidas as dúvidas do mercado quanto aos resultados do plano de recuperação em implementação pela nova administração, enquanto se defronta em paralelo com um sempre descredibilizante processo judicial vindo de trás e incluindo acusações de contabilidade criativa e manipulação de mercado. O maior de todos os problemas é, todavia, o facto de a especulação continuar imparável – veja-se, por exemplo, uma notícia da semana passada segundo a qual um hedge fund (Caius Capital) teria vindo afirmar que o rácio de capital do Unicredit é bem mais baixo do que o declarado, situação de que se aguarda esclarecimento cabal por parte da EBA. Este quadro, em que o ruído é incessante, só pode contribuir para alimentar a viabilidade dos piores ideais dos mais assanhados “estrategas europeus”, obcecados como parecem estar pela necessidade e vantagens de uma consolidação continental do setor em moldes discricionários e altamente concentracionistas.

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