(Como seria de esperar a Espanha pícara teria de produzir
uma política não menos pícara. Uma simples atualização das evidências
para o comprovar.)
A Espanha
dos últimos dias registou uma vasta mobilização dos seus pensionistas, tentando
desesperadamente conservar direitos adquiridos, lutando por algo ameaçado, bem
ameaçado. Praticamente em simultâneo, o PP lambe as feridas suscitadas por
Cifuentes, que se retira da política, amargurada e humilhada na praça pública. Entretanto,
o bobo da corte e franjinhas Puigdemont ensaia mais um passe de mágica,
procurando mais um logro de investidura telemática que, a concretizar-se, prolongaria
o 155º e atiraria a Catalunha para novas e inevitáveis eleições. A Esquerda Republicana
parece finalmente querer dizer basta e opor-se a tão desvirtuada figura,
produto de uma manta de gatos vadios em que o Junts per Cat se transformou, mas
não é certo que tal demova o aventureirismo de Puigdemont. A ilusão é algo que
custa ver destruído e todos os passes de mágica parecem justificar-se para
prolongar o estado de sítio.
Em simultâneo
com o escândalo Cifuentes, uma nova sondagem dá o CIUDADANOS a nível nacional a
morder os calcanhares do PP, praticamente em empate técnico, com o PSOE abaixo
das duas formações da direita espanhola que parecem disputar a divisão entre a
tradição e a modernidade. Diga-se entretanto que a pretensa modernidade do
CIUDADANOS não foi ainda posta à prova, havendo a interrogação de saber se
basta simplesmente não partilhar a corrupção endémica do PP para ganhar a
confiança dos espanhóis fartos de tanta indecisão e roubalheira.
Com os
Pressupuestos ainda no limbo da aprovação, claro que o movimento dos pensionistas
não ajuda a respirar e a incomodidade do governo PP transpira de tudo que é
tomada de posição pública.
Mas a
Espanha pícara teria que aparecer. A secretária de Estado da Comunicação Carmen
Martínez, que um jornalista do El Español não hesita em classificar de “El
perro de Rajoy” (o clima promete, mesmo sem alterações) saiu-se “off-record”
com esta prosa sublime: “(¡Qué ganas de
hacerles un corte de mangas de cojones y decirles: ‘Pues os jodéis’!").
Está assim o
ambiente político em Espanha. Em confronto com esta tensão, o ambiente em
Portugal é de meninos, mimados alguns.
Sem comentários:
Enviar um comentário