(O curto vídeo que o jornalista Pedro J. Ramírez publicou
no El Español é a melhor síntese do estado da arte da política espanhola. “Três
moções para enterrar um morto” é uma espécie de filme negro do estado a que a
inoperância política de Rajoy chegou e Soraya de Santamaría que se prepare para
ir a votos, mais tarde ou mais cedo).
O jornalismo
espanhol de melhor qualidade, El Mundo, El País e El Español, perceberam em
devido tempo que o caso Gürtel, com o trapaceiro Barcenas a fazer das suas e a
agilizar “sobresueldos” para muito
boa gente no PP, representava uma bomba de detonação devastadora, mesmo que
dilatada no tempo pela complexidade do processo judicial. E assim aconteceu. A
sentença judicial que finalmente foi preferida foi uma espécie de acelerador
combustível para a luta política em Espanha. Bem pode Rajoy clamar pelo interesse
nacional da estabilidade de levar a legislatura até ao fim e desancar Pedro Sánchez
por ter perdido de repente o sentido de Estado que o próprio Rajoy lhe atribuiu
obtendo a sua solidariedade para o 155º na Catalunha. É que, na verdade, não há
interesse de Estado que resista a uma sentença daquela natureza e envergadura.
E, temos de convir que se o PSOE não se mexesse após a publicação da sentença
estaria a comungar da mesma inação que vai matando aos poucos Rajoy.
Mas a
vertigem política espanhola não é fácil de resolver. O PP resiste a toda a
mudança, pois ir para eleições hoje ou
nos próximos dias equivalerá a colocar o CIUDADANOS no poder, mesmo que Rajoy
se retire. O PSOE de Sánchez quer apresentar a moção de censura e ocupar o
governo se ela for aprovada e dilatar a marcação de eleições para lhe dar um
respiro eleitoral e tentar ganhar maior peso de votantes. Obviamente que
CIUDADANOS e PODEMOS querem eleições já e preparam moções de censura acaso o
PSOE veja a sua recusada ou insista em diferir eleições. Os partidos
independentistas ou nacionalistas estão um pouco aturdidos pois serão chamados
a votar favoravelmente as moções de censura, abrindo caminho a governações do
CIUDADANOS ou do PSOE que relativamente ao nacionalismo catalão o rejeitam frontalmente.
É por isso
que o curto vídeo de Pedro J. Rodriguez no El Español é uma peça de arte de
ironia negra:“Tres mociones para enterrar un muerto” (link aqui).
Entretanto,
pelas bandas da Catalunha, o peso-pesado e ex-vice presidente do PSOE Alfonso
Guerra atirou-se ao supremacismo declarado de Quim Torra, pincelando-o de
conotações nazis e a musa do independentismo catalão, a escritora Pilar Rahola,
retorquia com isto “Hay bocachanclas,
insolentes, chulos de bar, prepotentes, ignorantes orgullosos y después está
Alfonso Guerra”. Como isto vai! Entretanto, o estabelecimento comercial da
mãe de Albert Rivera, líder do Ciudadanos e residente na Catalunha apareceu de
novo pintado com a inscrição de Ciudadanos Nazis.
A Espanha
começa a não se recomendar.
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