sábado, 19 de maio de 2018

ANTEONTEM, ONTEM E HOJE

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

O que está a acontecer ao Sporting Clube de Portugal é do foro do “belisquem-me para eu me convencer de que é mesmo realidade”. Aqui ficam, para memória futura, algumas das mais eloquentes capas dos jornais dos últimos três dias, sendo que as do de amanhã e seguintes também não hão de ser reconfortantes. De entre os amigos sportinguistas, e todos os temos, foi-me especialmente constrangedora a tristeza que vi estampada no resto do Eduardo Ferro Rodrigues (“isto, para mim, é muito sério, porque é toda uma vida, estou ligado àquela instituição desde que nasci, há 68 anos”). Mas há também os da “velha guarda”, como o Pedro Nunes dos Santos ou o Luís Coimbra, tão garbosos do seu sportinguismo quanto críticos de sempre do “brunismo”. De entre os mais jovens, destaco dois que se me tornaram familiarmente próximos e que, de tão bem-intencionados e ferozmente militantes que são, ainda resistem a ter uma leitura devidamente proporcionada dos acontecimentos e do seu entorno. Enquanto observador e amante desportivo, há obviamente uma dimensão de imensa revolta e incredibilidade que me invade, mas não quero por isso alhear-me da responsabilidade objetiva que – nesta como em outras áreas da nossa vida coletiva – provem da ausência de claras regras legais e de eficazes mecanismos de regulação, com a comunicação televisiva à cabeça (veja-se a frequência e o conteúdo de alguns debates futebolísticos, como por exemplo os da TVI24 ou da CMTV, frequentemente com a promíscua colaboração de responsáveis políticos), e da irresponsabilidade de algumas alegadas “elites” que não se coibiram de emparceirar acefalamente com Bruno de Carvalho e as suas lógicas (o caso mais saliente, que esteve longe de ser único, é o do cirurgião Barroso, agora subitamente ressurgido a desligar-se à pressa do seu ex-querido presidente). Tudo isto é muito mau, de facto mau de mais para ser real...




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