quinta-feira, 3 de maio de 2018

DEZ ANOS DEPOIS DE 2008


Robert Skidelsky (RS) é um dos grandes especialistas da atualidade em História Económica (vejam-se, nomeadamente, os três volumes da sua colossal biografia de John Maynard Keynes), sendo professor emérito da Universidade de Warwick, onde ensinou Política Económica. Apesar de já estar perto dos 80 anos, RS continua a produzir a bom ritmo e com assinalável qualidade.

Reproduzo aqui hoje, com a merecida vénia que lhe é devida, dois muito chamativos gráficos de um dos seus textos recentes (“The Advanced Economies’ Lost Decade”): o primeiro (acima) registando o crescimento real (ajustado da inflação) do PIB per capita do conjunto dos países da OCDE (quer o observado desde 2000 quer o que teria ocorrido sem a crise, este em tracejado a vermelho) para assim evidenciar “onde estão hoje as economias desenvolvidas do mundo, onde elas estariam se não tivesse havido crise e, talvez mais importante, onde elas poderiam estar se diferentes opções de política tivessem prevalecido antese depois do colapso [a crise financeira de 2007-2008]”; o segundo (abaixo) registando uma comparação da produção industrial global após o crash de 2008 e o de 1929 para assim tornar claro que “o colapso de 2008 foi tão acentuado quanto o de 1929, mas durou muito menos tempo” (quatro trimestres de quebra de produção e emprego na grande recessão deste século contra treze na do século passado) e que “as intervenções de política que imediatamente se seguiram ao crash de 2008 [expansões monetárias e orçamentais globalmente coordenadas] fizeram mesmo uma diferença, pelo menos no curto prazo”.

Dois detalhes interessantes são adicionalmente sublinhados pelo autor em relação às questões afloradas no primeiro gráfico: por um lado, o facto de o conjunto da OCDE ter demorado cinco anos a regressar a níveis equivalentes àqueles em que se encontrava antes do crash – com a Zona Euro a demorar ainda mais dois; por outro lado, o curioso dado associado a um possível crescimento da OCDE à taxa média pós-crash (a verde) e que se traduziria na estimativa de uma perda acumulada média de 32 dólares por cada habitante dos países da referida organização internacional. To whom it may concern... 

Sem comentários:

Enviar um comentário