(Nas hostes do PP em Espanha é cada vez mais difícil encontrar
gente que já governou ou esteve lá perto ou que é mobilizável para a governação
que não esteja salpicada por questões de corrupção. E se até agora Rajoy
tentava escapar entre os pingos de chuva, a tormenta é hoje de tal monta que
nem com escafandro o homem se safa de ser confundido com tanta distração e vilanagem).
Andava a
Espanha política entretida com a vivenda de 600.000 euros do casal PODEMOS
Pablo Iglésias-Irene Montero, que em si é um recital de contradições e
hipocrisia (afinal a esquerda caviar não é para todos), quando os
desenvolvimentos da justiça espanhola (bem mais rápidos do que os nossos e não
consta que os casos sejam menos imbricados) nos transportam para o pântano colossal
em que as franjas do PP estão atoladas. E o que me dá verdadeiramente gozo é
confirmar que um simples painel de fotografia de todas as personalidades a
contas com a justiça, já condenadas ou não, é que nesse espectro se confirma
que o mundo de Aznar era putrefacto. Nunca escondi que aquele bigodinho de
Aznar era o símbolo de um dos mais detestáveis personagens políticos que
abominei no passado. A minha intuição estava afinal certa.
Dois casos estão
na ordem do dia.
Em primeiro
lugar e mais do que tudo, a sentença do caso Gürtel, com condenações relevantes
a gente que como Barcenas andou pelo core
do PP e não há mais core do que o dinheirinho
do partido. Bem podem as personalidades de tipo do PP, como Rajoy e Soraya de Santamaría,
que eu acredito ser gente impoluta e com algum sentido de interesse público, esmerar-se
na demonstração de que não sabiam de nada, que ninguém acredita. O PSOE avança
com uma moção de censura pela repercussão da sentença do caso Gürtel, Sánchez
precisa de alguma adrenalina para recuperar, e os casos mais recentes têm pelo
menos o condão de afastar o PSOE dos escândalos de corrupção, o que no passado
recente não era tão claro como isso. Em Espanha, chegou a pairar a ideia de um
bloco central comprometido com a corrupção.
Mas há já um
outro caso na calha. Acabam de ser presos, sem qualquer fiança, Eduardo Zaplana
(ex-Presidente da Comunidade Valenciana e ex-ministro PP) e dois colaboradores
próximos, acusados de um gigantesco caso de branqueamento de capitais gerado
enquanto liderada a comunidade autónoma, com o plano de energia eólica no centro
das receitas cobradas.
Os espanhóis
são curiosos nalgumas matérias e um painel de reputados professores universitários
analisou o grau de probabilidade e de gravidade das ilegalidades e crimes cometidos,
fartar vilanagem como o gráfico que abre este post documenta.
Fica o
registo dos membros deste distinto painel: Elena Costas (investigadora pós-doutoral
na Universidade Autónoma de Barcelona, Víctor Lapuente -Universidade de
Gotemburgo, Manuel Villoria (catedrático da Universidad Rey Juan Carlos),
Carles Ramió (catedrático da Universidae Pompeu Fabra), Fernando Jiménez
(professor da Universidade de Múrcia), Laura Chaqués (professora da Universidade
de Barcelona), Anna M. Palau (professora da Universidade de Barcelona), Jordi
Muñoz (investigador na Universidade de Barcelona), Eliska Drapalova (investigadora
pósdoutoral na Herthie School of Government), Jesús Lizcano (catedrático da
Universidade Autónoma de Madrid), Yeimy Ospina (investigadora do Instituto
Barcelona d’Estudis Exteriors), José María Gimeno (catedrático da Universidade
de Zaragoza) e Eva Anduiza (professora da Universidade Autónoma de Barcelona).
Porque não
um exercício semelhante em Portugal?
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