sexta-feira, 25 de maio de 2018

JÁ NÃO SÃO APENAS SALPICOS!



(Nas hostes do PP em Espanha é cada vez mais difícil encontrar gente que já governou ou esteve lá perto ou que é mobilizável para a governação que não esteja salpicada por questões de corrupção. E se até agora Rajoy tentava escapar entre os pingos de chuva, a tormenta é hoje de tal monta que nem com escafandro o homem se safa de ser confundido com tanta distração e vilanagem).

Andava a Espanha política entretida com a vivenda de 600.000 euros do casal PODEMOS Pablo Iglésias-Irene Montero, que em si é um recital de contradições e hipocrisia (afinal a esquerda caviar não é para todos), quando os desenvolvimentos da justiça espanhola (bem mais rápidos do que os nossos e não consta que os casos sejam menos imbricados) nos transportam para o pântano colossal em que as franjas do PP estão atoladas. E o que me dá verdadeiramente gozo é confirmar que um simples painel de fotografia de todas as personalidades a contas com a justiça, já condenadas ou não, é que nesse espectro se confirma que o mundo de Aznar era putrefacto. Nunca escondi que aquele bigodinho de Aznar era o símbolo de um dos mais detestáveis personagens políticos que abominei no passado. A minha intuição estava afinal certa.

Dois casos estão na ordem do dia.

Em primeiro lugar e mais do que tudo, a sentença do caso Gürtel, com condenações relevantes a gente que como Barcenas andou pelo core do PP e não há mais core do que o dinheirinho do partido. Bem podem as personalidades de tipo do PP, como Rajoy e Soraya de Santamaría, que eu acredito ser gente impoluta e com algum sentido de interesse público, esmerar-se na demonstração de que não sabiam de nada, que ninguém acredita. O PSOE avança com uma moção de censura pela repercussão da sentença do caso Gürtel, Sánchez precisa de alguma adrenalina para recuperar, e os casos mais recentes têm pelo menos o condão de afastar o PSOE dos escândalos de corrupção, o que no passado recente não era tão claro como isso. Em Espanha, chegou a pairar a ideia de um bloco central comprometido com a corrupção.

Mas há já um outro caso na calha. Acabam de ser presos, sem qualquer fiança, Eduardo Zaplana (ex-Presidente da Comunidade Valenciana e ex-ministro PP) e dois colaboradores próximos, acusados de um gigantesco caso de branqueamento de capitais gerado enquanto liderada a comunidade autónoma, com o plano de energia eólica no centro das receitas cobradas.

Os espanhóis são curiosos nalgumas matérias e um painel de reputados professores universitários analisou o grau de probabilidade e de gravidade das ilegalidades e crimes cometidos, fartar vilanagem como o gráfico que abre este post documenta.

Fica o registo dos membros deste distinto painel: Elena Costas (investigadora pós-doutoral na Universidade Autónoma de Barcelona, Víctor Lapuente -Universidade de Gotemburgo, Manuel Villoria (catedrático da Universidad Rey Juan Carlos), Carles Ramió (catedrático da Universidae Pompeu Fabra), Fernando Jiménez (professor da Universidade de Múrcia), Laura Chaqués (professora da Universidade de Barcelona), Anna M. Palau (professora da Universidade de Barcelona), Jordi Muñoz (investigador na Universidade de Barcelona), Eliska Drapalova (investigadora pósdoutoral na Herthie School of Government), Jesús Lizcano (catedrático da Universidade Autónoma de Madrid), Yeimy Ospina (investigadora do Instituto Barcelona d’Estudis Exteriors), José María Gimeno (catedrático da Universidade de Zaragoza) e Eva Anduiza (professora da Universidade Autónoma de Barcelona).

Porque não um exercício semelhante em Portugal?

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