terça-feira, 8 de maio de 2018

PERGUNTAR NÃO OFENDE!



(A proteção civil anda de novo às aranhas e todos temos que elogiar a coragem do ministro Cabrita em querer pôr mão em toda esta tropa. Mas num tempo de mudança, talvez conviesse perguntar por que razão o poder feito inércia e com comportamentos de incendiário comunicacional continua à frente dos bombeiros …)

Não é decididamente para zurzir nos lagartos que escrevo este post e o encabeço com esta imagem da mais pura reconciliação.

Sabemos que a proteção civil se transformou nos últimos tempos numa corte de pequenos ou grandes interesses nacionais, regionais e locais. O sistema é cada vez mais complexo e vive um paradoxo, estranho como todos os paradoxos. Quanto mais nele se intervém mais complexo e indomável ele se torna. Os mecanismos de coordenação e governança do sistema são insondáveis. Os acontecimentos de junho e outubro de 2017 e o seu rescaldo em 2018 evidenciaram claramente esse traço, tragicamente, diga-se.

Mas, curiosamente, no meio de tanta bagunça e mudança, algo permanece, o representante da Liga dos Bombeiros no sistema. Ex-dinossauro autárquico (Vila Nova de Poiares), Presidente da Assembleia Geral do Sporting e chefe dos bombeiros. Não direi que se trata de uma combinação explosiva que não convém neste caso, mas Jaime Marta Soares é uma peça da inércia a que a questão dos incêndios florestais chegou. A cobertura e conciliação com um presidente protótipo do incendiário social, com reflexos na própria organização, mas amado por gente aparentemente responsável como o cirurgião Barroso, que tinha idade para ter juízo, constitui uma contradição absurda para presidir à Liga de Bombeiros. O homem fala grosso com todo o poder, vai-se impondo à marretada comunicacional e permanece, o que é um mistério de resistência ou de defesas bem preparadas, esperando que seja o resultado mais da primeira do que das segundas, pois estas a existirem seriam devastadoras em termos de transparência do sistema.

Fala-se que o comandante operacional da Proteção Civil se terá demitido após reunião em que Marta Soares estava presente. E talvez não tenha sido por acaso que este se apressou a sancionar positivamente a nomeação do novo comandante, como que a sugerir a toda a agente, incluindo o poder, que agora sim, está tudo bem.

Se o ministro Cabrita conseguir colocar esta gente a seguir a mesma partitura merece louvores, porque à medida que vamos conhecendo os meandros e o ambiente para lá do palco mais compreendemos que submeter a universitária e coimbrã Constança a toda esta tropa foi uma grande crueldade.

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