(O Governo e o sistema judicial estão perante a encruzilhada
de considerar o futebol à luz do estado de direito ou claudicarem de vez nessa orientação.
Num país em que o populismo parece não proliferar, temos porém a oportunidade
de compreender o que são as dinâmicas e consequências de um presidente-adepto que
é o modelo de Bruno de Carvalho.
Começo por um
registo de interesses. Apesar de benfiquista, só espero que a justiça coloque
de vez os agentes do futebol sob as malhas da lei, doa a quem doer. O ar está
irrespirável, mesmo para os que já não vão há muito aos estádios.
A sequência
de acontecimentos que o Sporting está a viver constitui a mais ilustrativa
demonstração dos efeitos do populismo. A afirmação de Bruno de Carvalho na
desmiolada e desatempada entrevista ao Expresso de que aspira a personificar o
modelo de presidente-adepto teve hoje nos acontecimentos de Alcochete a sua
consequência mais trágica, quaisquer que sejam os laços que venham a ser demonstrados
entre a manada tresloucada da Juventude Leonina e o estilo do seu Presidente. O
conceito de responsabilidade objetiva vale para alguma coisa. No fundo, o que o
chico-espertismo de Bruno mostra é a sua total ignorância dos modelos de gestão
do futebol, o desconhecimento absoluto das tendências do negócio em que
inscreve a sua instável atividade. E já agora uma sociedade cotada como a SAD
do Sporting não estará obrigada a comportamentos de gestão escrutináveis? O
modelo de presidente-adepto é compatível com esse escrutínio? E o que dirá
agora o BCP do perdão de dívida concedido a Alvalade?
Tenho dúvidas
de que neste caso “the show must go on”
ou se não deveria ser abruptamente interrompido.
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