terça-feira, 15 de maio de 2018

DINÂMICAS DE UM PRESIDENTE-ADEPTO



(O Governo e o sistema judicial estão perante a encruzilhada de considerar o futebol à luz do estado de direito ou claudicarem de vez nessa orientação. Num país em que o populismo parece não proliferar, temos porém a oportunidade de compreender o que são as dinâmicas e consequências de um presidente-adepto que é o modelo de Bruno de Carvalho.

Começo por um registo de interesses. Apesar de benfiquista, só espero que a justiça coloque de vez os agentes do futebol sob as malhas da lei, doa a quem doer. O ar está irrespirável, mesmo para os que já não vão há muito aos estádios.

A sequência de acontecimentos que o Sporting está a viver constitui a mais ilustrativa demonstração dos efeitos do populismo. A afirmação de Bruno de Carvalho na desmiolada e desatempada entrevista ao Expresso de que aspira a personificar o modelo de presidente-adepto teve hoje nos acontecimentos de Alcochete a sua consequência mais trágica, quaisquer que sejam os laços que venham a ser demonstrados entre a manada tresloucada da Juventude Leonina e o estilo do seu Presidente. O conceito de responsabilidade objetiva vale para alguma coisa. No fundo, o que o chico-espertismo de Bruno mostra é a sua total ignorância dos modelos de gestão do futebol, o desconhecimento absoluto das tendências do negócio em que inscreve a sua instável atividade. E já agora uma sociedade cotada como a SAD do Sporting não estará obrigada a comportamentos de gestão escrutináveis? O modelo de presidente-adepto é compatível com esse escrutínio? E o que dirá agora o BCP do perdão de dívida concedido a Alvalade?

Tenho dúvidas de que neste caso “the show must go on” ou se não deveria ser abruptamente interrompido.

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