(Mais do que por grandes parangonas programáticas ou
manifestações de fachada, para mim os projetos de Cidade diferenciam-se pelas
pequenas grandes decisões, sobretudo aquelas que se projetam nas atmosferas
urbanas que fazem uma Cidade diferente e alternativa. A história dos
desencontros da Câmara do Porto com os dinamizadores do quiosque amarelo da
Rodrigues de Freitas, ao pé da Biblioteca, dão para mim uma ideia do que é o
projeto de Rui Moreira para a Cidade, que não me agrada)
A recetividade
que o projeto de Rui Moreira teve na Cidade do Porto é indissociável da travessia
de Rui Rio pelos destinos da Cidade. Depois de Rio qualquer pequeno afluente
pareceria forçosamente um grande curso de água. Por isso, o projeto de Rui Moreira
e seu grupo de apoiantes para a Cidade nunca me entusiasmou e no meio de muito
blá-blá para Lisboa ouvir tenho tido extrema dificuldade em descortinar o posicionamento
do município face às dinâmicas de autonomia cultural, cívica e política que
sempre caracterizaram o Porto e que o fazem diferente para nosso contentamento
e diferenciação.
Tenho para
mim que Rui Moreira não existe praticamente no plano metropolitano e regional. Não
se lhe conhecem posições relevantes e diferenciadoras para afirmar o Porto político
no contexto metropolitano e regional. Pensará provavelmente que pertence a
outro campeonato e não se quer misturar com municípios mixurucas e com as lógicas
partidárias (que chatice). Curiosamente, o caso do quiosque hoje referenciado
em artigo do Público (link aqui), um símbolo do Porto alternativo, projeta-se ao nível do microlocal
na Cidade. O equipamento era um símbolo de um Porto alternativo, que se mexe
apesar e muitas vezes contra o poder, qualquer que ele seja. É óbvio que os símbolos
também se combatem em nome de lógicas superiores e mais vastas. Mas neste caso
não consigo descortinar o que é que leva o Executivo a descontinuar o espaço da
experiência.
Regra geral, as lideranças passam e as dinâmicas alternativas persistem. Oxalá esteja certo.
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