(Já tinha essa intuição. Mas o “serial accelerator” dos acontecimentos
desta semana no domínio do futebol constitui para mim evidência suficiente para
finalmente darmos conta que no universo do futebol português, no exterior é
tema de outra conversa, grassam dinâmicas e movimentos nefastos que podem
destruir a democracia, não tenhamos medo das palavras, fascizantes. O
bestiário populista anda à solta e finalmente algumas consciências começam a
perceber tal coisa. Custou.
Aos
populistas de gema, sobretudo aos que gostam narcisicamente de se ouvir, não de
se olharem ao espelho, basta pô-los a falar para se perceber de que matéria
inflamável são feitos. Bruno, o presidente-adepto, figura com que aspirou
chegar ao cume da pirâmide (mausoléu?) futebolística em Portugal, confrontado com
a selvajaria de Alcochete, limitou-se em monólogo à Sporting TV a afirmar que “foi
chato” ouvir os telefonemas dos familiares próximos dos que foram alvo de
agressões e que no fundo teríamos de nos começar a habituar a conviver com o
crime, pois que é apenas de um caso de polícia que se trata.
Eis pois um
belo exemplo do bestiário populista que grassa pelo universo do futebol e a
segura evidência de que a democracia não pode deixar de combater com firmeza, coisa
que alguns designaram de colocar o futebol dentro do estado de direito e não à
sua margem ou imune às suas regras. Alguma gente confundida com a aceleração
destes processos limitou-se lamentavelmente a pedir reflexão sobre estas
coisas, que é em Portugal a melhor maneira de passar a mão contemporizadora
sobre o problema. Mas, finalmente, algumas consciências sportinguistas, até
agora agarrados aos seus sofás de mera contemplação cúmplice, como Ricciardi,
Ferro Rodrigues, Rogério Alves, vieram a terreiro dizer o óbvio. Curiosamente,
ainda não ouvi o Cirurgião Barroso demarcar-se da responsabilidade objetiva que
a gestão incendiária de Bruno o incontinente verbal tem em todo este processo. Marta
Soares é simplesmente a imagem da inércia dinossáurica, em linha com o que
representa nos assuntos da proteção civil e dos incêndios.
A crónica de
Rui Cardoso Martins de hoje na Antena 1 veio consolar-me, alguém que não tem medo
das palavras, bestiário populisto-fascizante.
Para memória
futura.
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