terça-feira, 15 de maio de 2018

TORRA(DA) CATALÃ



(O aventureirismo sectário catalão parece não ter fim, não tem um presidente investido telematicamente, mas tem um presidente títere, um pau mandado de Puigdemont e o pior com curriculum de supremacista, etnicista e outras características pouco recomendáveis na convivência democrática. O absurdo da questão é que o TORRA catalão parece interessar a ambas as partes, o que diz bem do grau zero da política democrática na região.

A investidura presidencial na Generalitat de Quim Torra, por mais um voto, recorde-se, anunciava o pior. O que é conhecido das tomadas de posição e escritos do novo presidente corresponde ao pior do que o aventureirismo catalão nos tem transmitido, alguém que pelas posições supremacistas e etnicistas de uma pretensa superioridade catalã não dá a mínima segurança de respeito pela minoria (que na prática é a maioria) não independentista na Catalunha.

Alguém que se assume como o representante de circunstância de Puigdemont, que se apresenta como exilado político quando não o é e que é deliberadamente um presidente títere, está na linha do pior que foi emergindo no aventureirismo independentista.

Vários analistas (como por exemplo Fernando Salgado na Voz de Galicia, link aqui) salientaram, porém, que alternativa tão absurda é do interesse simultâneo de Puigdemont e de Rajoy. Do primeiro, trata-se de garantir a permanência da sua presença em Berlim, aguardando o desfecho do processo judicial alemão de avaliação da possibilidade de extradição para Espanha, com a ilusão de comando da situação, preparando o contexto para novas eleições promovidas em outubro pela Generalitat e não ao abrigo de um 155º reeditado. Quanto a Rajoy, trata-se de ceder em toda a linha ao governo basco que exigia para o seu apoio ao Orçamento 2018 uma entrada em funcionamento de um governo na Generalitat legalmente investido e sem a sombra do 155º.

Claro que o novo governo da Generalitat vai ser de chicana política da mais pura, procurando passar entre os pingos de chuva das ameaças de um novo 155º. As políticas públicas e a governação em geral serão obviamente encostadas a um plano secundário. Espanta-me a inação da Esquerda Republicana. Não estou certo que esta estratégia política traga ao independentismo um melhor resultado numas eventuais eleições de outubro de 2018. Oxalá o catalanismo reformista acantone eleitoralmente o independentismo mais radical e enterre de vez o odioso supremacismo que alguns dos seus líderes mais ou menos títeres, destilam em tudo que é vómito social.

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