quarta-feira, 23 de maio de 2018

NA MORTE DE JÚLIO POMAR


O pintor e escultor Júlio Pomar foi um dos nossos maiores, um criador de referência da arte moderna e contemporânea portuguesa. Tinha 92 anos e deixou uma obra multifacetada, quer pela diversidade dos seus suportes de expressão (da pintura ao desenho, da escultura à decoração mural em azulejo, da gravura à ilustração, da cerâmica à tapeçaria) quer em termos de variações de estéticas, temáticas, estilos e técnicas. Mas, apesar da sua abrangência, Pomar ficaria para sempre associado a um neorrealismo português de que foi expoente preponderante antes de se mudar em 1963 para Paris, onde experimentou outras influências e foi abandonando a orientação de protesto social e resistência política que marcava a sua obra. Semprecontribuindo marcadamente para “configurar o imaginário visual português da segunda metade do século XX”.

Pomar esteve quatro meses em Caxias com Mário Soares, que o escolheu como seu retratista presidencial e o tinha em tantas paredes da casa do Campo Grande. Foi o próprio que assim se descreveu um dia: “Um par de óculos, dois olhinhos muito pequenos, testa mais ou menos redonda, cabelos que agora são brancos, mais ou menos despenteados, nariz grosso, bigode ralo, barba também rala. E o meu nome é Júlio Pomar.” Mas também se lia deste outro modo, bem mais intimista: “Não sou uma pessoa dedicada, não há um exclusivismo da minha parte. Eu diria que a família é uma paisagem da qual se faz parte.” Imortal!

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