(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Pela manhã, os jornais noticiavam o “momento bíblico” em que, depois de uma imensa série de alarvidades impróprias de alguém que se pretende apresentar como estando ao comando, Bruno se preparava para crucificar Jesus e, com ele, alguns jogadores. À noite, os inacreditáveis e traumáticos acontecimentos de Alcochete em que o mundo do futebol se vê visivelmente invadido por um terrorismo fanático que só íamos podendo adivinhar em declarações avulsas e ameaças pontuais (que pessoalmente até já tive oportunidade de sentir uma vez, com filhas pela mão, aquando de uma final contra o Benfica no Jamor). Um problema do tipo daquela história do ovo e da galinha? Sim e não. Sim, porque há uma violência apenas superficialmente contida nas multidões que se movem a partir de clubismos acéfalos alimentados pelos excessos das programações televisivas e das redes sociais. Não, porque também há responsabilidades subjetivas que não devemos iludir e, no tocante ao Sporting, a verdade é que a atuação radicalizada e populista de Bruno de Carvalho e dos seus acólitos (incluindo gente estimável noutras esferas, como é o caso de Jaime Marta Soares ou Eduardo Barroso) tem objetivamente muito a ver com a desproporção atingida por tudo isto a que vamos atonitamente assistindo. O resto, bem o resto é do foro da nossa desorganização coletiva e institucional, com algumas derivações de proveniência sociológica e educativa, e isso é matéria que só resolveremos (?) geracionalmente...
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