quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

AINDA OS DEBATES


Constato algo envaidecido que a minha leitura dos quinze principais debates presidenciais não foi fundamentalmente controvertida pelo alargado painel de ilustres jornalistas e comentadores (como Clara Ferreira Alves, Cristina Figueiredo, David Dinis, João Silvestre, João Vieira Pereira, Martim Silva, Paulo Baldaia, Pedro Santos Guerreiro e Ricardo Costa, mas também Bernardo Ferrão, Daniel Oliveira, Henrique Monteiro, Henrique Raposo, Luís Pedro Nunes, Paula Santos, Pedro Adão e Silva e Vítor Matos) que o “Expresso” reuniu para proceder à respetiva avaliação. Embora a análise de Marques Mendes tenha sido ainda mais consonante com a dos “especialistas” – como sintetizou o próprio “Expresso”, “Marcelo ótimo, Ana Gomes bem, Mayan bom, João Ferreira eficaz, Marisa mal e Ventura pior”.

Dito isto, não abdico da minha ideia de que Marcelo Rebelo de Sousa não venceu tão claramente como parece os seus cinco debates. Assim, e a meu ver: jogou na retranca e com o relógio perante João Ferreira e Marisa Matias, fez de virgem ofendida perante Ana Gomes (e foi esta que optou por não o entalar de modo embaraçoso!), deixou umas dicas antiliberais perante Tiago Mayan e apenas arrasou perante André Ventura. Ou seja, e novamente a meu ver, só uma certa ditadura do “politicamente correto” e a quase inconsciente subserviência institucional que anima a proximidade à “corte” fizeram de Marcelo um vencedor tão inequívoco dos debates quanto foi propalado.

 

Sendo que, em boa verdade, nada disto importa muito. E se antes destes dias de agravamento pandémico já não importava por aí além, a suposta infeção (ou não infeção) de Marcelo, os preocupantes dados hoje revelados na reunião do Infarmed e a perspetiva de um confinamento geral determinam toda uma outra contextualização do ato eleitoral de 24 de janeiro, do qual prevejo que, de facto, só resultará a confirmação de várias miopias e a vitória da irresponsabilidade dos “venturosos” – oxalá me engane!



Já esta noite, terminou há pouco o debate a sete transmitido pela RTP1 (com Marcelo confinado no seu domicílio de Cascais). Um debate bastante confrangedor e que não acrescentou muito em relação ao que já víramos nos debates a dois. Um Mayan argumentativamente estruturado mas agarrado a ideias meramente gerais e abstratas, um Ferreira politicamente sólido mas em nome de uma cartilha partidária, uma Ana Gomes focada em questões essenciais mas incapaz de as cozer discursivamente, um Marcelo experiente e a cumprir calendário com os pés na terra mas sem qualquer sonho de futuro, uma Marisa bem-intencionada mas baralhada em termos propositivos, um Ventura demagogicamente imbatível mas tristemente armado em estadista de pacotilha, um Vitorino inconcebível. De todos, o melhor foi o Carlos Daniel que sempre tentou fomentar um debate que se impunha mas manifestamente não cabia nas competências daquela amostra!

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