quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

PENANDO...

A desgraça que estamos atualmente a viver em Portugal tem contornos profundamente dramáticos e traumáticos a incontáveis níveis de observação e análise e, sobretudo, em termos de realidades concretas de vida e sofrimento pessoal. O número de mortes quotidianas (à razão de um avião a cair por dia!), o avassalador crescimento de internados em enfermaria e cuidados intensivos, as descrições e imagens que nos chegam dos hospitais e as lancinantes queixas dos seus responsáveis, a tornada patente falta de meios humanos e materiais e as filas de ambulância à porta dos hospitais, as previsões pessimistas dos especialistas, a hipótese de termos de recorrer a ajuda externa, as trocas de acusações cruzadas e dissonantes entre políticos e dirigentes... Neste quadro, deveras aflitivo, ainda me custa a compreender como chegamos, de facto, a uma situação de descontrolo do tipo da que se apoderou de nós – foi só o Christmas easing? Ou houve também, em doses a esclarecer, falta de planeamento, excesso de confiança, incúria e crença no desenrascanço? Talvez um dia, mais a frio e distanciadamente, venha a ser possível construir um racional explicativo capaz e convincente; se é que tal ainda importará...

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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