Não sei se é ou não assim, mas há quem diga que o Rei Filipe VI não é um tipo brilhante. Como quer que seja, tudo quanto dele sabemos indica que é esforçado e um cumpridor bem-intencionado dos seus deveres institucionais. Quadro em que só podemos com ele solidarizar-nos dada a dose de embrulhadas que lhe tem vindo a calhar em sorte!
Porque não é só, o que há não seria pouco, um Reino muito dividido e a braços com o imbróglio da questão catalã. Foi também o doloroso problema de um pai que tinha por respeitável e que, de repente, passou de desmascarado por “desculpáveis” pecadilhos sexistas a “comissionista internacional” de largo coturno (matéria que teve de gerir sem humores pessoais e com todas as imprescindíveis cautelas e caldos de galinha).
A agravar o cenário com que Filipe se defronta, temos também todas as adversidades associadas à instabilidade política vigente (e seus reflexos económico-sociais), com uma pouco flexível esquerda radical no poder, uma direita às turras e crescentemente dependente da sua extrema e um primeiro-ministro autocentrado, tomado por uma espécie de eficácia resultadista que prevalece sobre a obediência a princípios fundadores.
Embora, na presente conjuntura, Pedro Sánchez atravesse um bom momento, também ele enlevado e deslumbrado pela conta bancária que lhe veio da Europa e por tudo quanto ela lhe irá permitir em termos de um decisivo controlo do país (devendo dizer-se, contudo e a bem da verdade, que são alguns os seus esforços no sentido de não enjeitar a estimulação de certas dinâmicas transformadoras), o homem não brinca em serviço e não desperdiça, portanto e à boa maneira da política dita moderna, qualquer oportunidade de contrapor às sombras que vão surgindo (p.e., a subida excessiva do preço da eletricidade, uma matéria que aliás também nos toca de perto) as luzes de que possa dispor (p.e., a programação imediata de uma subida do salário mínimo nacional).
Perante este estado de coisas, ninguém pode invejar a posição de um Rei nitidamente desasado perante o estranho entorno que o cerca, uma espécie de peixe fora de água. E, por tabela, também não resulta brilhante a situação que se depara à “nossa vizinha Espanha”...
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