Por razões que aqui tenho irregularmente explanado, Paris é a minha cidade número dois. Sofro, portanto, mais com as longas distâncias dela a que me vi forçado por razões pandémicas e outras. E, tão compensatoriamente quanto possível, tento minorar essa tristeza olhando com especial atenção para o que por lá se vai passando; como se tal me permitisse uma proximidade, uma quase presença.
Pensei nisto esta semana ao ler um texto da “M — Le Magazine du Monde” sobre a exposição retrospetiva da grande pintora americana Georgia O’Keeffe (uma figura importante da arte moderna do século XX, falecida em 1986), inaugurada no Centro Pompidou em renovação — um espaço que, também lamentavelmente, não visito há anos. Às obras de Georgia somam-se também várias obras fotográficas do seu marido e companheiro, Alfred Stieglitz, que com ela foi parte muito cúmplice de uma vida algo heterodoxa e “louca” na Nova Iorque dos anos 20 do século passado.
Pela versatilidade de estilos da autora falam os três exemplares abaixo (um abstrato de 1954 intitulado “Black Door with Red”, formas de flores brancas e azuis de 1919 e um nu de 1917, respetivamente num óleo sobre tela, num óleo sobre painel e numa aguarela em papel). Mais e melhor só observando in loco. E, pessoalmente, dado que a exposição fica aberta até à primeira semana de dezembro, farei os melhores esforços para dar uma fugidinha a Paris sob o pretexto deste e de outros chamamentos; incluindo matar a saudade de um prazer que ali é para mim incomparável em relação a qualquer outro local: flâner.
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