sábado, 4 de setembro de 2021

UM TESTEMUNHO PODEROSO

Volto a Balsemão, essencialmente para confirmar o que sobre ele aqui referi louvavelmente em post de há poucos dias. Com efeito, na cerimónia de homenagem que Costa (sempre na primeira linha de aproveitamento das oportunidades!) lhe organizou em S. Bento por ocasião dos 40 anos dos seus governos, o dito produziu um discurso que não foi de circunstância nem autocentrado mas sim imbuído de manifesto conteúdo reflexivo e socialmente útil em termos prudenciais e de porvir — acima algumas das manchetes jornalísticas sobre a matéria. Claro que o homem é ele próprio e a sua circunstância, no caso uma circunstância partidária muito marcada e que o levou a certas escolhas pontuais discutíveis (o exemplo mais elucidativo foi o do enfadonho e despropositado discurso de João Bosco Mota Amaral, mas houve também sinalizações desnecessárias nas palavras do próprio). Todavia, e tudo devidamente considerado, Balsemão ascendeu notoriamente a um espaço reputacional de espessura e classe (muita qualidade, dir-se-ia na gíria futebolística) que arrisco afirmar que estava longe de ter logrado adquirir junto de uma boa parte dos portugueses mais estruturados e que prestam atenção a estas coisas.

 

Entretanto, e à boleia, retomo a publicação das suas “Memórias” (já nas bancas e já adquiríveis na Feira do Livro que ontem visitei), na medida em que as mesmas foram objeto de leituras por parte de vária comunicação social, com destaque para a “Sábado”, que permitem completar com novos dados alguns tópicos mais picantes da sua avaliação de três pesos-pesados da política portuguesa como são Marcelo, Eanes e Cavaco (opto por disso fazer reporte através de umas amadoras infografias, talvez sugestivamente reveladoras de que quem sente é filho de boa gente). O lado curioso que também quero realçar esteve no facto de os três terem estado lá sem darem parte de fraco, embora Marcelo (mais fino e subtil!) apenas para uns momentos de cumprimentos prévios. Agora falta mesmo ler o livro, que integra seguramente muitos outros aspetos de interesse, mas o “tijolo” não é nada estimulante pelo peso das suas quase mil páginas de escrita; desbravá-lo-ei devagarinho.



(cartoon de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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